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    Claudio Bernardes

    Qualidade da infraestrutura pode reduzir desigualdades nas cidades

    12/12/2016 14h40

    No mundo globalizado, a infraestrutura urbana é tida como fator de competitividade entre as cidades. E este é um aspecto crítico no sentido de assegurar o adequado funcionamento da economia e a localização das atividades econômicas. Além disso, a qualidade e a extensão das redes de infraestrutura podem impactar significativamente o crescimento econômico e reduzir desigualdades nas áreas urbanas.

    Segundo dados do Banco Mundial, a demanda global por infraestrutura nos próximos anos está estimada em US$ 4 trilhões anuais. Atualmente, esse investimento é da ordem de US$ 3 trilhões.

    Dentro de 30 anos, a população urbana mundial deve ser de 6,3 bilhões de pessoas. As cidades terão de acomodar essas pessoas, preferivelmente com pouca expansão do tecido urbano. Isso significa aumentar a densidade de ocupação sem diminuir a qualidade de vida da população. Mesmo assim, pesquisadores estimam que 60% da área urbana existente em 2030 ainda terão de ser construídas.

    Contudo, somente com níveis adequados de infraestrutura urbana, aliados a novos modelos de negócio e a soluções tecnológicas capazes de aumentar sua eficiência e produtividade, os centros urbanos terão condições de crescer e serem adensados com sustentabilidade.

    Estabelecidas as condições de contorno de crescimento em um futuro próximo, e se quisermos uma infraestrutura urbana eficiente, deveremos associá-la às "cidades inteligentes".

    Para ser "inteligente", uma cidade requer, além de tecnologia, liderança competente para implantar processos que transformem dados em informações passíveis de ser usadas em benefício dos próprios cidadãos.

    As cidades precisam de projetos de infraestrutura e serviços urbanos que as ajudem a fazer mais com menos, a diminuir a geração de resíduos e as tornarem resilientes.

    Muitas vezes, a infraestrutura existente pode ser alavancada com novas tecnologias. É o caso do BRT (Bus Rapid Transit) —sistemas de corredores de ônibus segregados—, cuja capacidade de transporte pode ser consideravelmente elevada, de acordo com o aumento da sua velocidade, a partir do uso de sistemas de tecnologia GPS para a localização de veículos, e do ajuste automático do tempo dos semáforos a fim de priorizar os ônibus.

    Sabemos que, num futuro próximo, deverão operar nas cidades modelos de transporte multimodal acionado digitalmente sob demanda, de cogeração de energia e "waternet" —modelo de administração das redes de distribuição de água, com o uso de sensores que podem monitorar os fluxos, a qualidade da água nas tubulações e os pontos de vazamento.

    A próxima geração de iluminação LED nas ruas deverá funcionar também como uma plataforma para coletar dados sobre poluição, movimentação de pessoas e poluição sonora. Ao conectar esses sistemas inteligentes em uma rede, será possível saber o que está acontecendo em uma cidade em tempo real e, a partir das informações, construir soluções inovadoras na área de segurança pública e de administração do tráfego, entre outras.

    Um dos investimentos importantes que as cidades podem fazer hoje é desenvolver a capacidade sistêmica de estruturar, de forma interdisciplinar, os processos de desenvolvimento integrado da infraestrutura urbana. Sem esquecer a infraestrutura adequada à mobilidade individual, composta por ciclovias projetadas para garantir o uso seguro e eficiente, além da criação de programas de readequação dos passeios públicos.

    Os administradores municipais não podem saber quais tecnologias e inovações em infraestrutura estarão disponíveis no futuro, mas podem (e devem) implantar projetos suficientemente flexíveis às futuras mudanças.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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