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    Claudio Bernardes

    Concentração de pessoas nas redes sociais pode mudar a vida nas cidades

    01/05/2017 02h00

    Cultura, tecnologia, modelos de comportamento, conceitos morais, educação e relação entre as pessoas e o tecido urbano são fundamentais na forma como a sociedade se desenvolve.

    A população urbana mundial vem aumentando rapidamente, o que torna as cidades mais densas. Isso traz como consequência o aumento do contato entre elas, não só do ponto de vista físico, mas também biológico.

    Segundo o geneticista Steve Jones, a disseminação da diversidade genética pode ser rastreada até a invenção da bicicleta, que, de acordo com ele, incentivou o casamento entre pessoas de aldeias e cidades diferentes. Mas a urbanização atual está gerando uma miscigenação sem precedentes. Em consequência, segundo Jones, os seres humanos estão, agora, mais geneticamente similares do que em qualquer outra época dos últimos cem mil anos.

    As conexões de transporte e comunicação entre cidades também contribuem para aumentar a proximidade entre as pessoas.

    Essa proximidade pode ter vários efeitos colaterais e, além das consequências biológicas, certa homogeneização cultural e no modo de vida. A concentração de pessoas nos grandes centros reflete essa experiência.

    Nova York, por exemplo, recebe pessoas que falam mais de 800 idiomas diferentes. Hoje, em Londres, menos da metade da população é formada por britânicos, diferentemente de uma década atrás, quando eram quase 60%.

    Entretanto, a forma mais moderna e rápida de aproximar as pessoas é a tecnologia. Por ela é possível criar cidades virtuais, com comunidades interligadas e que se comunicam on-line. As relações deixam de ser obrigatoriamente dentro dos contornos geográficos de uma cidade real.

    Esse modelo de comunicação permite, além de economizar tempo e energia em deslocamentos, incentivar diálogos múltiplos na direção da criatividade colaborativa na solução de problemas, comportamento que pode, realmente, mudar a vida dos habitantes de determinadas localidades.

    Todavia, é necessário usar com cuidado essa forma de comunicação e proximidade. Nunca houve tanta informação à disposição e facilmente acessível. Segundo especialistas, no curso de um dia, quem está em uma cidade ocidental é exposto a um volume de informações correspondente à quantidade de conhecimentos que uma pessoa do século 15 estaria sujeita durante toda a sua vida.

    Isso muda drasticamente o universo de possibilidades de intercâmbios capazes de provocar alterações no modo de vida das pessoas. Contudo, o potencial para essas transformações é maior dentro dos grupos pertencentes à mesma cidade ou região, do ponto de vista geográfico.

    A união dos cidadãos pelas redes sociais pode homogeneizar pensamentos, articular ações, direcionar formas de comportamento e, consequentemente, alterar o desenvolvimento da sociedade de forma mais específica e orientada. Além disso, permite potencializar a colaboração das pessoas como fontes de ideias, planos e iniciativas.

    No ano de 2018, estima-se que 2,4 bilhões de pessoas utilizarão as redes sociais. Uma evolução tremenda, se compararmos com os 970 mil usuários em 2010.

    As redes, cada vez mais, tornam-se globalmente parte do dia a dia das pessoas em suas relações pessoais, de trabalho, estudos e lazer. As estimativas são de que a cada minuto são enviadas mais de 30 milhões de mensagens no Facebook e quase 350 mil "tweets" postados.

    Essa massiva concentração de pessoas nas redes sociais deve mudar radicalmente as estratégias de negócios, provocar alterações na dinâmica do desenvolvimento social e, principalmente, mudar a forma de governar e ser governado nas cidades.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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