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    Claudio Bernardes

    Retomada da economia nas cidades pode ajudar o país a prosperar

    15/05/2017 02h00

    O Brasil enfrenta uma das mais longas e profundas crises econômicas de sua história. Paralelamente, assistimos aterrorizados a uma interminável sequência de revelações sobre as mais perversas e engenhosas formas de dilapidar o patrimônio público e extorquir, de forma covarde e criminosa, os direitos básicos da população mais pobre deste país.

    Estamos todos cientes de que reformas profundas são essenciais para a recolocação do país nos trilhos do desenvolvimento e da prosperidade econômica, embora nem todos estejam dispostos a abrir mão de privilégios ou a mudar a forma de pensar e agir.

    Nesse cenário complexo e obscuro, como podemos ajudar a reverter a crise e contribuir para que a retomada do crescimento econômico nas cidades ajude o Brasil a prosperar?

    O poder de fazer mudanças na política econômica, sabemos, não está nas cidades. As políticas que mais afetam a economia urbana são formuladas em níveis superiores de governo. Porém, tudo acontece nas cidades e é nelas que as políticas locais têm a capacidade de instrumentalizar e alavancar as políticas nacionais, gerando empregos e prosperidade.

    As cidades são capazes de produzir riquezas, captar o crescimento econômico nacional, retroalimentar o processo de produção e, assim, gerar um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento econômico.

    Um dos princípios básicos da economia urbana é que a localização e o tamanho das cidades são determinantes para sua riqueza. Desse modo, o desenvolvimento econômico das cidades de maior porte reverbera o progresso e a evolução dos polos em seu entorno. Portanto, o foco em medidas que incentivem o desenvolvimento econômico nas cidades de maior porte pode ser de grande ajuda no processo de recuperação econômica. Segundo o IBGE, em 2013, somente as capitais brasileiras contribuíram com aproximadamente 33% do PIB nacional, sendo a cidade de São Paulo, sozinha, responsável por 10,73% do PIB do país.

    O crescimento econômico da China, por exemplo, está firmemente ancorado no investimento em infraestrutura urbana, incluindo a mobilidade da produção e dos trabalhadores. A urbanização é vista como estratégica na redução da dependência chinesa em relação à demanda externa e à exportação. Mobilidade e acessibilidade são fatores fundamentais para alicerçar o crescimento econômico urbano e estão relacionados à capacidade das pessoas de alcançar os diversos destinos nas cidades, considerados os custos de transporte e tempo dispendido.

    Além desses, muitos outros fatores são importantes para o crescimento das cidades, apesar de muitas vezes serem impossíveis de quantificar, como as habilidades individuais de um prefeito ou de empreendedores que fazem a diferença.

    A administração municipal e o empresariado local, sem prejuízo de outras forças da sociedade, são fundamentais para estruturar e fortalecer o processo de crescimento e desenvolvimento das cidades.

    Não posso deixar de mencionar a importância econômica do mercado imobiliário e da construção civil no modelo de desenvolvimento urbano. Medidas indutoras e estimuladoras do processo de produção imobiliária, alicerçadas na criação de condições para atendimento da enorme demanda por habitação no país, tanto em aspectos ligados à viabilização da aquisição quanto à produção, podem ser fundamentais para ajudar a estruturar o crescimento da economia brasileira.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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