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    Claudio Bernardes

    Preservar passado é um dos grandes desafios dos processos de revitalização

    09/10/2017 02h00

    Nas últimas décadas, muitos centros de cidades perderam a vitalidade e a importância. Mas muitos deles foram, também, revitalizados com sucesso. As lições aprendidas podem e devem ser utilizadas como ponto de partida para novos processos de recuperação dessas importantes áreas urbanas.

    A revitalização implica em devolver a esses centros a vitalidade. Eles precisam voltar a ter mais habitantes, e a gerar atividades culturais e econômicas que justifiquem tanto o interesse quanto o investimento na recuperação.

    O desafio, portanto, é criar áreas atrativas aliadas a modernas características urbanísticas e tecnológicas e, ao mesmo tempo, preservar a integridade histórica e as qualidades físicas que definem esses locais.

    A criação dessas áreas atrativas depende de vários fatores, mas é fundamental as ruas abrigarem atividades indutoras da circulação de pedestres, em circuitos equilibrados entre pequenas vias e grandes avenidas.

    A compacidade urbana é importante, mas é imprescindível a existência de praças e parques para esses núcleos respirarem. Espaços para as pessoas entremearem a caminhada entre áreas mais adensadas e áreas abertas e conectadas com a natureza devem existir.

    Todos os centros de cidades são únicos, com características específicas e necessitam de um planejamento peculiar para a revitalização.

    Na grande maioria dos casos, o declínio ocorre quando as atividades econômicas diminuem e migram para outras regiões. Portanto, um bom plano de revitalização deve identificar formas de promover e induzir novas funções e atividades econômicas. Essa reestruturação econômica deve estar baseada em avaliações realistas dos potenciais de mercado e dos ativos locais, incluindo edifícios, infraestrutura e serviços públicos.

    Para alcançar o sucesso no processo de revitalização, é também importante que empresas, potenciais investidores e a população em geral estejam cientes de tudo aquilo que o centro da cidade tem a oferecer, e entendam a visão de futuro proposta. Para tanto, pode surgir a necessidade de incluir no projeto a realização de campanhas de marketing, eventos, celebrações especiais e programas culturais para, assim, criar uma nova imagem para o centro. Além de a população entender a proposta, é preciso que ela tenha a oportunidade de participar do processo, apresentando ideias e sugestões de aprimoramento e aperfeiçoamento dos planos de revitalização.

    Seja qual for o plano, não haverá êxito sem investimento na transformação dos espaços públicos em locais bonitos, agradáveis, e seguros.

    Se possível, as calçadas devem ser ampliadas, reparadas ou refeitas. Plantar árvores, instalar bancos, criar espaços para bicicletas são ações igualmente importantes. Para melhorar a segurança, é essencial instalar um tipo de iluminação especialmente projetada e voltada aos pedestres. Podem, ainda, ser estabelecidos programas de incentivo para melhoria visual das fachadas, geralmente de propriedades privadas, porque elas causam impacto significativo na aparência dos espaços públicos.

    Um dos aspectos mais críticos em todo esse processo é a viabilização econômico-financeira do projeto. Os recursos públicos, em grande parte, são escassos, e modelos criativos de equacionamento econômico, em cada caso específico, são fundamentais. De qualquer forma, as parcerias público-privadas têm se mostrado um modelo bem-sucedido nesses casos, e é fundamental que sejam consideradas.

    Por fim, mas não menos importante, é a necessária estrutura organizacional focada na revitalização e que acompanhe toda a implantação do projeto, monitorando ações, identificando novas oportunidades possíveis no meio do caminho, e coordenando os esforços de todos os atores envolvidos.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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