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    Claudio Bernardes

    Dinâmica urbana exige mudanças no gerenciamento econômico

    30/10/2017 02h00

    As cidades existem para as pessoas, e a economia urbana é centrada, primordialmente, no capital individual em todas suas formas - social, técnica, cultural, científica, artística etc. -, que se combinam e compõem uma enorme variedade de arranjos para gerar prosperidade. Contudo, a dinâmica das mudanças na economia urbana está cada vez mais conectada à economia global, aos fluxos de capital e às redes de informação.

    Embora muitas áreas urbanas tenham padrões de desenvolvimento semelhantes, as cidades mantêm suas dinâmicas e especificidades próprias, que incluem estruturas sociais e de produção diferenciadas. Todavia, na grande maioria dos casos, a produtividade resulta da economia de escala e da aglomeração em determinadas áreas, e está fortemente ligada à economia regional e nacional.

    A informalidade é um fator que não pode ser desprezado e resulta da inépcia das cidades em prover meios de sobrevivência a todos no âmbito da economia formal. Segundo estimativas do Worldwatch Institute, o maior aumento na economia informal desde 1990 ocorreu na África, na América Latina e na Ásia Central, muitas vezes representando mais de 50% do PIB (Produto Interno Bruto). A informalidade, porém, está diminuindo na Europa, em função das reformas microeconômicas. No leste asiático, onde as empresas operam com menos regulamentos, burocracia e encargos fiscais, a economia informal permanece estável, com níveis bastante baixos.

    O McKinsey Global Institute compilou dados das 600 maiores cidades do mundo conforme a contribuição para o crescimento total do PIB até 2025, e estimou serem responsáveis pela geração de mais de 80% da riqueza mundial. A partir dessa análise, uma série de conclusões acerca da mecânica de desenvolvimento econômico das cidades pode ser observada.

    As maiores cidades têm papel dominante no direcionamento da economia, na geração de riqueza e emprego. Os centros urbanos com maior força econômica abrigam 25% da população mundial, mas são responsáveis por 60% do PIB global.

    O crescimento econômico urbano ganha mais velocidade e intensidade nas cidades médias, aquelas com população entre dois e cinco milhões de pessoas. Por outro lado, o crescimento econômico continua nas megacidades, embora o ritmo esteja diminuindo.

    O adensamento urbano é outro importante vetor da economia. Mais pessoas nas ruas resultam em mais lojas e amenidades, com maior oferta de transporte de massa eficiente. Isso tudo valoriza as propriedades e aumenta a arrecadação de impostos pela municipalidade.

    Para alcançar níveis importantes de geração de empregos e desenvolvimento econômico, as cidades devem manter o foco na qualidade e eficiência da infraestrutura e dos serviços. Fortalecer as estruturas educacionais e de saúde, e reduzir os custos e a burocracia para aqueles que pretendem empreender e investir na cidade são ações primordiais.

    Inclusão social, redução da pobreza e das desigualdades são aspectos críticos, não só por razões éticas, mas porque o desenvolvimento econômico perene somente ocorrerá dentro de um amplo espectro de estabilidade social.

    Estruturar uma agenda econômica exitosa será desafiador para as cidades. O mundo está se tornando uma rede intrincada, com sistemas cada vez mais interdependentes de cidades, que devem aprender a se associarem e se tornarem mais competitivas e eficientes, com melhoria de seus modelos de logística.

    Existem muitos caminhos e alternativas, mas a dinâmica urbana exige novas ideias e mudanças no gerenciamento do desenvolvimento e da economia. Essas ações, juntamente com modelos eficientes de governança, poderão maximizar o potencial social, cultural e econômico das cidades.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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