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    Claudio Bernardes

    Contato com a natureza é benéfico para moradores de cidades

    11/12/2017 02h00

    Estudos recentes evidenciam que o contato das pessoas com ambientes naturais pode ajudar a melhorar a saúde e o bem-estar. Pesquisadores do National Ocean Service, em Charleston, nos EUA, sugerem que a exposição humana à natureza –entendida, neste caso, como mundo físico e biológico não produzido pelo homem– tem inúmeros efeitos positivos.

    A pesquisa baseou-se, principalmente, na comparação dos resultados e dos contrastes na qualidade da saúde de pessoas expostas a espaços urbanos com aquelas submetidas à vivência em ambientes verdes e naturais. O estudo alude a mudanças positivas sobre o humor, a frequência cardíaca, a pressão arterial, o estresse e a concentração.

    Alguns estudos trazem ainda fortes indícios de que o contato com a natureza nos espaços urbanos pode restaurar a fadiga cognitiva, e gerar efeitos positivos no controle de transtornos mentais, como demência e depressão. No entanto, seus valores monetários ainda não foram amplamente analisados.

    Contudo, recente publicação do Instituto Norueguês de Pesquisas da Natureza traz a avaliação monetária feita por pesquisadores acerca do impacto do ambiente natural na saúde das pessoas. Segundo o seu conteúdo, esses espaços removem poluentes do ar e podem gerar nos EUA, por exemplo, uma economia anual de até US$ 6 bilhões (R$ 19,7 bilhões) em tratamentos de doenças respiratórias.

    Do custo mundial estimado em U$ 800 bilhões (R$ 2,6 trilhões) com os cuidados clínicos de pacientes com demência, os efeitos terapêuticos do contato dessas pessoas com ambientes naturais gerariam redução de entre 5% e 10% dos custos com medicação.

    Trabalhos científicos têm demonstrado que a interação com a natureza reduz os sintomas do TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade) e pode diminuir entre 5% e 25% os gastos com medicação. A economia, somente nos EUA, pode ser de US$ 380 milhões (R$ 1,2 bilhão) a US$ 1,9 bilhão (R$ 6,2 bilhões).

    Se por um lado os efeitos positivos do contato humano com a natureza são claros, as características desse ambiente natural não são ainda tão conhecidas.

    O cientista inglês Richard Fuller estudou os efeitos da exposição à biodiversidade no controle da transmissão de doenças contagiosas e concluiu que a diversidade de ambientes naturais é crítica para o desenvolvimento de imunidade a reações alérgicas. Esses resultados indicam que o gerenciamento bem-sucedido de espaços verdes urbanos deve enfatizar a complexidade biológica para o bem-estar humano, além da conservação da biodiversidade.

    À medida que cresce a compreensão dos vínculos entre natureza, biodiversidade, saúde e bem-estar, as implicações nas políticas públicas são inevitáveis. Usar a natureza como ferramenta de melhoria da saúde da população passa a ser extremamente desejável. A importância dos espaços verdes e da biodiversidade para o ser humano oferece argumento bastante persuasivo para a proteção dos ecossistemas nas áreas urbanas.

    A adoção desse modelo pode reorientar o sistema de planejamento urbano, colocando a saúde humana e o bem-estar como aspectos centrais.

    À medida que a relação entre natureza e saúde se torna mais clara, é certo que o conhecimento e as soluções ecológicas terão papeis cada vez mais importantes na formatação das políticas públicas, tanto para as pessoas como para o meio ambiente.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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