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    Clóvis Rossi

    Políticos e camarotes

    11/02/2013 03h00

    Meu carnaval inesquecível foi o primeiro, único e certamente último no Sambódromo do Rio de Janeiro.

    Carnaval não é minha praia. Não consigo entender o desfile das escolas de samba. Sempre me pareceu que ver uma única ala de uma única escola era ver todas.

    Mas quem poderia resistir a um convite da Mangueira para assistir ao desfile no camarote da escola, tendo amigos mangueirenses?

    Por sorte, pura sorte, a grande farra não se deu na avenida, mas nos camarotes. Ou, mais exatamente, no camarote ocupado pelo então presidente Itamar Franco, naquela noite em que ele recebeu uma, digamos, carnavalesca sem calcinha, a tal de Lilian Ramos.

    Eu estava lá, mas não vi nada. Nada quer dizer que não vi aquilo que muita gente diz que viu nem qualquer outra parte do enredo, porque o camarote do presidente era longe e não dá para ficar se movimentando muito entre um e outro.

    De todo modo, vi, sim, a tremenda excitação dos coleguinhas, especialmente os fotógrafos.

    No dia seguinte, a excitação continuava no saguão do Hotel Glória, onde o presidente se hospedava (eu também). Fiquei por ali, de plantão, fofocando com os companheiros que formavam um muro diante da porta do elevador, para tentar flagrar a saída de Itamar, só ou acompanhado.

    A horas tantas, a porta se abriu, a turma disparou as câmeras alucinadamente e do elevador saiu um estupefato Mário Covas, também convidado da Mangueira, também hóspede do hotel e pré-candidato ao governo de São Paulo. Foi vaiado pelos fotógrafos.

    clóvis rossi

    É repórter especial. Ganhou prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Escreve às quintas e aos domingos.

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