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    Clóvis Rossi

    Dia 5, a oposição é majoritária. E dia 26?

    06/10/2014 00h23

    Neste domingo, 5 de outubro de 2014, a oposição ao governo Dilma Rousseff é majoritária no Brasil e com boa margem: 57 milhões de votos depositados a favor dos dois candidatos que se apresentaram nitidamente como oposição, contra os 43 milhões que preferiram a presidente.

    A questão seguinte óbvia é esta: no dia 26 de outubro de 2014, a data do segundo turno, a oposição continuará majoritária e, por extensão, Aécio Neves será o próximo presidente, ou parte dos votos de Marina Silva voltam para o colo de Dilma e ela obtém mais quatro anos como inquilina do Palácio do Planalto?

    A pergunta pode ser óbvia, mas a resposta é impraticável à esta altura do jogo.

    Um olhar "dilmista" sobre o resultado do primeiro turno dirá que são raras as ocasiões em que o primeiro colocado no turno inicial perde a eleição na votação final.

    Reforça essa constatação o fato de que Dilma também perdera, em 2010, para a soma de José Serra e Marina Silva, o que não a impediu de vencer no segundo turno - que, ao fim e ao cabo, é o que realmente conta.

    Já um olhar "aecista" fará a transposição automática dos votos de Marina para Aécio, com o que a vitória da oposição estaria assegurada.

    É altamente improvável, no entanto, que ocorra essa migração maciça da ex-senadora para o candidato tucano.

    Pegue-se o caso de Pernambuco, em que Aécio nem chegou a 6% dos votos e onde Marina venceu com impressionantes 48% (Dilma teve nada desprezíveis 44%).

    Os votos de Marina nesse Estado são claramente emprestados por Eduardo Campos. Campos também se lançara como candidato de oposição, mas fora ministro de Lula, que, ademais, tem imenso prestígio em sua terra natal.

    Logo, parece mais lógico que os votos de Marina migrem mais para Dilma do que para Aécio.

    Em contrapartida, é razoável supor que os 25% de Marina em São Paulo viajem em massa para Aécio, porque São Paulo, epicentro do conservadorismo, está muito impregnado de anti-petismo, do que dão prova a grande diferença de Aécio para Dilma no Estado (4 milhões de votos, arredondando), a derrota de Eduardo Suplicy, "goleado" por José Serra, e a magra votação de Alexandre Padilha.

    Na soma geral, Aécio precisa tirar uma diferença de pouco mais de 8 milhões de votos. Mesmo que todos os 5 milhões de votos de Marina em São Paulo migrem para Aécio, o que é uma impossibilidade prática, ainda assim faltaria ao tucano uma bela fatia de sufrágios.

    O que quer dizer que é principalmente no Nordeste, onde foi impiedosamente surrado, que ele precisa anabolizar sua candidatura.

    clóvis rossi

    É repórter especial. Ganhou prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Escreve às quintas e aos domingos.

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