RIO DE JANEIRO - Quem tem filhos, conhece bem a cena: embora avisada de que aquela bobagem que está fazendo não vai terminar bem, a criança insiste, cai e faz aquela carinha de choro, de quem quer não só colo, mas também o esquecimento da travessura.

O que fazem, ou pelo menos deveriam fazer, os pais? Mandam o filho levantar e seguir em frente. É mais um aprendizado de vida, o de lidar com erros e assumir responsabilidades.

Vasco e Fluminense, os dois times de futebol cariocas rebaixados para a segunda divisão, parecem não ter aprendido essa regra básica de amadurecimento. Fizeram campanhas sofríveis e devem ficar fora do campeonato principal em 2014 por seus próprios méritos --ou pela falta deles.

Mas podem conseguir nos tribunais esportivos uma virada de jogo que esconda sua incompetência. O Fluminense será o principal beneficiado se o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) avaliar que um jogador da Portuguesa foi escalado irregularmente.

O Vasco luta para que seja anulado o jogo contra o Atlético-PR, no qual as duas torcidas deram um show de selvageria e só por um milagre não houve mortes. Argumenta erro do juiz, que não poderia reiniciar a partida após mais de uma hora de paralisação, mas não fala sobre o comportamento irresponsável de parte de sua torcida organizada, aquela que recebe benefícios como ingressos gratuitos a troco de "animar" os jogos.

A Portuguesa provavelmente descumpriu as regras e isso caberá ao STJD decidir. Se por desconhecimento ou má fé, é outra história. O Atlético-PR recebeu uma punição leve diante da irresponsabilidade de oferecer ao público um jogo sem as mínimas condições de segurança.

Deveriam cair todos, sem exceção. Quem sabe assim deixariam de usar o tapetão para resolver suas incompetências e aprenderiam a levantar com suas próprias pernas.