Henrique Erwenne, 75, é figura queridíssima no antigomobilismo. Atual vice-presidente e fundador do Karmann-Ghia Clube, fabricou o Fera XK, uma réplica muito bem feita do Jaguar XK120.

Gosto de como Luiz Miranda, colecionador, descreve o primeiro encontro com Erwenne, 15 anos atrás:

"Quando comprei meu primeiro Karmann-Ghia, fantasiava entrar para o clube, imaginando um galpão enorme e iluminado, com carros impecáveis, elevador mecânico, mesa de sinuca.

Quando finalmente fui conhecer o local, vi que o galpão até existia, mas era meio escuro e feio. Penduradas nas paredes, uma bagunça de peças sobressalentes e placas amarelas antigas.

Erwenne me recebeu sem camisa. Não era a visão mais sensual desse mundo. Vestia apenas uma bermuda jeans desfiada e um 'asmático' chinelo Rider com a almofada furada que, a cada passo, assoviava."

Isso, porém, fez Miranda sentir-se em casa. Tanto que até hoje são amigos.

Outra história curiosa sobre Erwenne ocorrera no início dos anos 70, quando ele vendia e reformava carros sinistrados com perda total, em uma empresa de nome muito apropriado: Funerauto.

Em geral, reformava Opalas. Mas aí apareceu um Landau. Meses se passaram e nada de vendê-lo. Na época, se valesse 30 mil cruzeiros, as ofertas não chegavam a um terço desse valor.
Um dia, Erwenne chega à loja e descobre que o tal Ford fora vendido pelo sócio, que logo detalha o ocorrido.

"Veio um cara aqui e mostrei o histórico do carro. Descobri que ele pertenceu à mulher do dono da TV Tupi. Ela bateu o carro e, no acidente, perdeu um anel com uma esmeralda do tamanho de bola de gude. Até procuramos a joia entre os cacos de vidro, e nada. Mesmo assim, o cara quis levar o carro por 60 mil."

Apesar de impressionado com o bom valor de revenda, Erwenne deu uma bronca no sócio, já que aquela esmeralda poderia valer muito mais.

"Erwenne, você também vai cair nessa história?", retrucou o rapaz.