Em matéria de carro, os americanos são muito mais divertidos que os europeus ou os asiáticos. Não estou falando do prazer da direção precisa ou de veículos potentes e confiáveis. Não se trata desse tipo de engenharia, na qual os alemães talvez levem a melhor.
Trato da diversão mais infantil, exagerada, de uma cultura que, entre outras coisas, inventou os "muscle cars", os "big foot", os "low riders" e os velozes "dragsters".
De uma nação que criou, na mesma década, os carros "rabo de peixe", os drive-ins com garçonetes de patins, os "hot rods" e corridas como a Nascar.
Os anos 1950 nos EUA foram os mais divertidos para se dirigir. Pouco trânsito, novas rodovias interestaduais, gasolina barata, carros V8 acelerando sem nenhuma preocupação ambiental.
No fim dessa década, a revista "Life" anunciava mais uma ideia americana: a Goodyear testava pneus iluminados internamente nas mais diversas cores.
Os pneus eram feitos de plástico duro semitransparente, com lâmpadas presas às rodas. Elas se acendiam quando o automóvel brecava ou quando os faróis de neblina eram acionados. A alimentação vinha de um cabo elétrico que saía do centro da calota.
Apesar de muito criativa, a ideia de colocar bulbos de vidro dentro de pneus não foi das melhores e, por motivos de falta de segurança, não vingou.
Hoje existem substitutos como LEDs, fibra ótica e uretanos transparentes que poderiam fazer com que a proposta funcionasse melhor.
Imaginei carros tunados circulando à noite. Faróis apagados e só os pneus acesos, em um ambiente parecido com o criado pelo filme futurista "Tron".
Minha empolgação acabou recentemente, quando vi uma menina andando com um estranho skate de duas rodas, o waveboard. Ele tinha LEDs nos pneus, que se iluminavam em movimento. A menina passeava naquele treco, meio que pedalando. Infelizmente, toda diversão tem hora para acabar.
Conhecido como Denis Cisma, é diretor de filmes premiado em Cannes e Clio Awards. É um entusiasta do universo automotivo.