No papel de James Bond, Sean Connery tinha predileção por veículos exóticos modificados. Em São Gonçalo, Rio de Janeiro, encontrei alguém assim também.

Leandro Rodrigues Franco, 79, é um mecânico de origem portuguesa que mora há mais de 56 anos no Brasil.

Quando tinha 74 anos, inspirado pela moto alemã Hercules Wankel 1974 (por isso o número na moto), modificou sua Lambretta Standard 1956 -que já é rara- para receber um motor Wankel estacionário. A embreagem e a caixa de três marchas são as originais, assim como o sistema de freios, os para-lamas e o quadro. O resto é invenção de Franco.

Para ter noção do exotismo dessa moto, é preciso falar um pouco do seu sistema de propulsão. O motor Wankel foi inventado por Felix Wankel em 1924 como alternativa aos motores de combustão interna convencionais.

	Denis Cisma/Folhapress
	Leandro Rodrigues, 79, e sua Lambretta com motor rotativo; ao fundo, os Citroën DS (à esq.) e SM

Também chamado de motor rotativo, ele não utiliza pistão. Seu criador não concordava com o conceito da explosão no motor gerando primeiro um vai e vem de peças em linha reta, que então é transformado em movimento circular para, finalmente, girar as rodas.

O motor Wankel funciona somente com movimentos circulares, gerando menos vibrações e ruídos.

Foi utilizado pelas fabricantes NSU, Mercedes-Benz, Rolls-Royce e Citroën, mas foi a japonesa Mazda que o desenvolveu por mais tempo. Até 2012, equipava seu esportivo RX-8.

Além dessa Lambretta única, Franco possui, entre outros veículos raros, um Citroën DS e um SM (aquele com motor Maserati V6) que podemos ver na foto.

Porém, o que mais me chamou atenção na sua enorme coleção foi a mudança que ele e seu irmão Antônio fizeram em uma bicicleta motorizada austríaca do fim dos anos 1970. Eles colocaram dois motores idênticos, um em cada roda. Coisa de maluco.

James Bond ficaria feliz se, no seu time de engenheiros e mecânicos, pudesse contar com o talento inventivo dos irmãos Franco.