FILHA DE mecânico, a maquiadora Denise Borro ganhou do pai seu primeiro carro, um Fusca, aos 16 anos. Antes disso, aos 14, seu irmão havia a ensinado a dirigir, às escondidas.

Com 19, saía de sua casa em Pirituba para tirar racha com um Chevette, na praça Panamericana.

Denise foi punk da periferia durante a adolescência, e esse espírito "outsider" nunca a abandonou. Nem na escolha dos seus carros antigos.

Ela tem preferência por veículos pouco convencionais. Sua paixão recai sobre carros com jeitinho de "perdedor". Denise tem um XEF 1982, sedã compacto da Gurgel parecido com um Mercedes diminuído, e um motorhome Winnebago Chieftain 1972, que faz lembrar o seriado "Walking Dead".

Mas o "loser" preferido da maquiadora é um Honda TN360 1968, um legítimo "kei truck" nipônico.

	Denis Cisma/Folhapress
	Denise Borro e seu Honda TN360 1968, um legítimo kei-truck japonês

Também conhecido como keitoras (caminhão leve), os "kei trucks" fazem parte de uma categoria de veículos que recebem incentivos fiscais e securitários no Japão.

Ao Brasil, eles chegaram logo após a abertura aos importados, em 1990: os "kei cars" Daihatsu Cuore e Subaru Vivio, além do Towner, da Asia Motors.

Não se sabe como o caminhãozinho de Denise veio parar no país. Mas julgando pelo passeio feito na Liberdade para tirar a foto ao lado, é certo que ele gera simpatia por onde passa.

Uma ambulância cruzou com o "kei truck" e o médico no banco do passageiro não desgrudou os olhos e nem escondeu o sorriso ao ver o carro.

"Para estacionar, sempre há uma plateia. Uma vez, deixei o Hondinha com um manobrista, que insistiu em estacioná-lo. Saindo do local, tive uma sensação estranha. Resolvi voltar e flagrei o manobrista dando voltinhas na garagem com o carro", conta Denise.

Não sei quão "loser" é o Honda TN360 da maquiadora. Mas, dentro dos "kei cars" encontrados por aqui, definitivamente ele é um "winner" (vencedor).