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    Denis Cisma

    'Cholos' brasileiros

    10/08/2014 02h00

    Há alguns anos, cantando em um caraoquê coreano no Bom Retiro, conheci Phuong-Cac Nguyen, uma jornalista norte-americana.

    A moça é descendente de vietnamitas e viveu por um tempo no Brasil.

    Phuong-Cac parecia muito abalada. Contou que acabara de escapar de um assalto, em frente da estação da Luz.

    A jornalista americana havia sido perseguida por um usuário de crack sem um dos braços. Coisa de filme de zumbi.

    Perguntei se ela não sabia que aquela região era perigosa à noite. Ela respondeu que sim, tinha noção de que a região não era das mais seguras da cidade. Mas disse que já havia andado por lugares piores no país.
    Olhando aquela "japonesinha" magrinha, eu desconfiei de que aquilo fosse verdade.

    Nesta semana, recebi seu mais recente trabalho, que me fez ter certeza de que Phuong-Cac havia sido sincera.

    "South American Cholo" é um documentário de 16 minutos sobre a cultura lowrider no Brasil.

    Assistindo ao filme, percebi que ela havia andado em lugares bem mais perigosos do que o centro de São Paulo.

    A jornalista virou amiga de diversos "cholos" brasileiros, os adeptos dos lowriders, com visual "gangueiro", que seguem a cultura dos descendentes de mexicanos que vivem no sul da Califórnia.

    Não é de hoje que a cultura de customização de carros aqui no Brasil se espelha no que acontece em outros países.

    O Tuning, os Hot Rods, o Drift, o Euro Çook, o JDM, os Rat Rods e o Dub são estilos de customização gringos que encontraram legiões de seguidores por aqui.

    Mas apenas o lowrider inspira as roupas, as tatuagens, o cabelo e até a padroeira, a Nossa Senhora de Guadalupe, santa de devoção dos mexicanos.

    Luiz Gordo, entrevistado no documentário, acaba de comprar um Chevrolet Fleetline Coupé 1951, todo original. Pretende transformá-lo em um Bomb, carro americano das décadas 1930
    a 1950, com suspensão a ar ou hidráulica, e uma linhagem antiga dos lowriders.

    O carro de Luiz Gordo está lotado de acessórios da época, como viseira para o para-brisa, porta-guarda-chuva, bússola, porta-cachimbo, ventilador e tudo mais que ele encontrar.

    Exatamente como o carro era fabricado naquela época.

    Divulgação
    Luiz Gordo, ao lado de seu Chevrolet Fleetline Coupé 1951
    Luiz Gordo, ao lado de seu Chevrolet Fleetline Coupé 1951

    retrovisor

    Escreveu até junho de 2016

    por Denis Cisma

    Conhecido como Denis Cisma, é diretor de filmes premiado em Cannes e Clio Awards. É um entusiasta do universo automotivo.

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