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    Denis Cisma

    Tradição argentina

    DE SÃO PAULO

    19/10/2014 06h25

    Sempre me falaram muito bem da Autoclásica, o maior evento de antigomobilismo da América do Sul, realizado na hípica de San Isidro, na Argentina.

    Neste ano pude visitar o evento e conferir os cerca de 600 automóveis e 300 motos, todos entre 30 a 100 anos de idade, ali expostos.

    Entre eles, relíquias como um Voisin C28 Chancellerie de 1936 e uma Brough Superior SS 100 1928, considerada a "Rolls-Royce das motos", ambos vencedores do título "melhor do evento".

    O público pôde assistir da arquibancada do jóquei-clube uma corrida inusitada entre um Bugatti 1926 e um cavalo puro-sangue. E, por pouco, o cavalo não vence o duelo.

    Celebrou-se também o centenário da Maserati, representada por diversos veículos, com destaque para a 4CLT do piloto argentino Juan Manuel Fangio.

    Ainda que a predominância fosse de veículos europeus, os americanos estavam bem representados em uma seção dedicada ao Mustang, que completa seu 50º aniversário em 2014.

    Nesse evento de alto nível, com veículos de marcas como Ferrari, Bugatti, Aston Martin e Rolls-Royce, o que mais me emocionou foi o outro lado da moeda, o da cultura popular, com seus ônibus e veículos comerciais com adornos pintados a mão, o chamado filete portenho.

    Rodolfo Alvares, 70, me explica que esse tipo de decoração começou nas laterais das carroças comerciais, para chamar atenção dos fregueses.

    Seu pai e seu avô tinham uma fazenda produtora de leite, chamada "El Descanso". Alvares recorda que levavam os galões de leite para cidade em charretes decoradas. Já no centro urbano, esses galões eram colocados em veículos motorizados decorados para distribuição porta a porta.

    Seu Chevrolet 1929 foi restaurado durante dois anos e meio e transformado em um carro de entrega de leite, em homenagem à sua família.

    Para ele, preservar a história é uma prova de amor à pátria.

    Denis Cisma/Folhapress
    Rodolfo Alvares levou seu Chevrolet 1929 a Autoclásica
    Rodolfo Alvares levou seu Chevrolet 1929 a Autoclásica

    retrovisor

    Escreveu até junho de 2016

    por Denis Cisma

    Conhecido como Denis Cisma, é diretor de filmes premiado em Cannes e Clio Awards. É um entusiasta do universo automotivo.

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