• Colunistas

    Saturday, 27-Apr-2024 19:45:21 -03
    Denis Cisma

    Sonho italiano

    DE SÃO PAULO

    11/01/2015 02h00

    HÁ MUITO TEMPO o Alfa Romeo 2000 GTV, produzido entre 1971 e 1976, está na minha lista de carros que um dia gostaria de ter na garagem.

    De cara, é fácil se apaixonar pelas curvas desenhadas por Giorgetto Giugiaro ("autor" também de outras Alfas e lendas como BMW M1, Lotus Esprit e DeLorean DMC-12) no estúdio Bertone.

    As saliências nos para-lamas, além de bonitas ajudam o motorista a saber onde termina o carro.

    E o interior? É um espetáculo à parte, com direito a encosto de cabeça com estrutura em madeira.

    A posição do câmbio mais à frente e mais próxima ao volante, permitindo trocas mais rápidas, é outro charme.

    Há um certo fetiche, pelo menos para mim, em ter a instrumentação em italiano. Só de ler "acqua", "benzina" e "olio" já me sinto em um autêntico esportivo italiano.

    A tração traseira é impulsionada por um motor em alumínio, de duplo comando, com cabeçote de câmaras hemisféricas e dois carburadores. Os freios são a disco nas quatro rodas. O projeto é perfeito.

    Não adianta me falar que carro italiano não é confiável como alemão, que GTV enferruja com facilidade, que a elétrica não presta e que o espaço atrás é apertado até para uma criança. Eu quero um desses.

    Venho acompanhando o mercado desse carro e já vi que demorei demais para comprar um. O preço do Gran Turismo Veloce duplicou nos últimos quatro anos e pode subir ainda mais.

    Vieram muitos desses automóveis para o Brasil, mas muitos deles acabaram destruídos em corridas.

    Os que estão no mercado geralmente estão ruins, e a reforma desses carros é caríssima, pois as peças são caras e, muitas vezes, raras.

    Quem tem uma boa ainda curte o carro e não pensa em vender.

    É o caso do antigomobilista Fernando Eugenio Filho, dono de uma 1974, nunca reformada.

    Até a pintura é original. Ele é o segundo dono do carro, que tem somente 44 mil km. Ele jura que o cinzeiro e o banco de trás nunca foram usados.

    "No antigomobilismo, um carro do mesmo modelo e ano pode ser caro por R$ 50 mil ou barato por R$ 100 mil", teoriza Eugenio.

    Comparando o Alfa Romeo GTV dele com os que eu encontrei à venda nos últimos anos, concordo totalmente.

    Denis Cisma/Folhapress
    Fernando Eugenio Filho e sua Alfa Romeo 2000 GTV ano 1974, nunca reformada
    Fernando Eugenio Filho e sua Alfa Romeo 2000 GTV ano 1974, nunca reformada

    retrovisor

    Escreveu até junho de 2016

    por Denis Cisma

    Conhecido como Denis Cisma, é diretor de filmes premiado em Cannes e Clio Awards. É um entusiasta do universo automotivo.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024