O EMPRESÁRIO Josué Inoue, 63, pensa no futuro com olho no passado.

Com o dinheiro que consegue guardar, ele poderia comprar imóveis, ações ou obras de arte, mas prefere investir em carros antigos.

Inoue acaba de pagar para um amigo a última parcela do seu DeLorean DMC-12 1981.

Apesar de gostar do carro, o empresário não se sente muito confortável ao dirigi-lo, pois chama muita atenção. Afinal, quem não se lembra da máquina do tempo do filme "De Volta para o Futuro"?

O DMC-12 causa o mesmo furor do Batmóvel ou do Cadillac dos Caça-Fantasmas quando passa na rua.

As pessoas querem sentar em seus bancos, tirar fotos e, o que é pior, tocá-lo. O ácido úrico e as gorduras da mão deixam marcas difíceis de tirar da carroceria inox. O processo de limpeza mais se assemelha a arear uma panela.

Os amassados, mesmo que pequenos, são dificílimos de consertar. Não dá para usar massa plástica, pois não há cobertura de tinta para disfarçar.

Por essas e outras, Inoue prefere não andar muito com o carro. O DeLorean é mantido como uma aposentadoria.

A fama causada pelo filme chegou alguns anos após a falência da montadora, e o DMC-12 foi um fracasso comercial.

As portas estruturadas com fibra de vidro eram pesadas demais, o carro tinha problemas de qualidade e sua potência, reduzida para se adequar ao controle de emissões americano, era fraca para um esportivo.

Mas o que realmente arruinou a montadora foi o fato de seu fundador, John DeLorean (1925-2005), ter sido pego pelo FBI tentando negociar 100 kg de cocaína. Ele estava desesperado para financiar sua empresa.

Hoje, nada disso torna o DeLorean menos colecionável.

O carro tem design de Giugiaro, asas de gaivota, persianas no vidro traseiro, motor V6 da Volvo e, mesmo sem ultrapassar as 88 milhas por hora, faz as pessoas viajarem no tempo.