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    Denis Cisma

    O compacto americano

    03/05/2015 02h00

    Construir navios de batalha era o ofício do magnata americano Henry John Kaiser. Com o fim da Segunda Guerra, ele estava buscando algo para produzir em tempos de paz.

    Foi então que encontrou Joseph Frazer, um experiente alto executivo da indústria automobilística. Ele estava procurando alguém que financiasse o projeto de um novo carro.

    Frazer foi o responsável por salvar a Willys-Overland da falência, fabricando um veículo militar de aplicações gerais (General Purpose), o Jeep.

    O executivo se uniu ao empresário, e surgiu a Kaiser-Frazer.

    Produziram modelos como o Aero Willys, o Jeep e o Darrin. Esse último era um carro muito interessante feito de fibra de vidro (antes do Corvette), com portas de correr que entravam para dentro do para-lamas.

    Eles produziram também o Henry J, que ficou em linha de 1951 a 1954. Foi um dos primeiros compactos americanos.

    Ainda que grande para o padrão atual, (4,43m de comprimento), o Henry J era bem menor que os carros da época. Por isso, foi eleito o "Carro Fashion" do ano de seu lançamento.

    O preço era baixo, pois contava com subsidio do governo. Mesmo assim, foi um fracasso de vendas. Os americanos não queriam automóveis pequenos.

    Tentaram rebatizá-lo de Allstate, mudando detalhes do acabamento e colocando-o à venda na rede de lojas de departamento Sears.

    O veículo também foi fabricado no Japão, pela Mitsubishi.

    Lançaram ainda a versão "Vagabond" -sim, esse era o nome-, com estepe atrás e interior melhorado.

    Nada deu certo, e a Kaiser seguiu adiante. Produziu caminhões e automóveis na Argentina e montou a Willys-Overland do Brasil.

    Alguns Henry J vieram parar aqui. Azis Surugi Neto, 49, tem um ano 1953 com 50 mil quilômetros originais, nunca restaurado. Seu pai o comprou porque havia aprendido a dirigir em um desses.

    Denis Cisma/Folhapress
    Azis Surugi Neto, de 49 anos, tem um raro Henry J ano 1953 com 50 mil km originais, nunca restaurado. Seu pai o comprou porque havia aprendido a dirigir em um desses.
    Azis Surugi Neto, de 49 anos, tem um raro Henry J ano 1953 com 50 mil km originais, nunca restaurado. Seu pai o comprou porque havia aprendido a dirigir em um desses.

    retrovisor

    Escreveu até junho de 2016

    por Denis Cisma

    Conhecido como Denis Cisma, é diretor de filmes premiado em Cannes e Clio Awards. É um entusiasta do universo automotivo.

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