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    Drauzio Varella

    Os melhores do ano

    27/12/2014 02h00

    A revista "Nature" selecionou os dez cientistas que mais se destacaram em 2014:

    1) Andrea Accomazzo. Passou os últimos 18 anos perseguindo o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Como diretor de voo, liderou o grupo que dirigiu o trajeto da nave Rosetta por 6,4 bilhões de quilômetros, até que ela conseguisse enviar Philae, o robô que pousou no cometa a apenas 120 metros do ponto planejado.
    Foi a mais espetacular realização da Agência Espacial Europeia.

    2) Suzanne Topalian. Trabalha na área de imunoterapia do câncer desde 1985. Os estudos clínicos conduzidos por ela levaram à aprovação do nivolumabe, droga que pertence à classe dos inibidores PD-1, capaz de provocar regressões dramáticas em casos de melanoma maligno disseminado. Em 2012, publicou um trabalho mostrando que a atividade do nivolumabe não se restringia a esse tipo de tumor.

    3) Radhika Nagpal. Com base no comportamento de formigas, abelhas e cupins, insetos que trabalham sem um comando central, seu grupo construiu um conjunto de 1.024 "kilobots", estruturas de poucos centímetros cada uma.
    Esses "kilobots" se movimentam sobre pernas e se comunicam com os vizinhos por feixes de luz infravermelha. Quando agem em conjunto conseguem se auto-organizar em formas bidimensionais. Essa tecnologia poderá ser usada para respostas rápidas a desastres ambientais.

    4) Sheik Humarr Khan. Fez parte da equipe que sequenciou o vírus ebola em Serra Leoa. Quando a epidemia chegou, rejeitou o convite para lecionar fora do país, para se dedicar em tempo integral ao atendimento dos doentes, tornando-se figura lendária na região rural de Kenema, uma das mais pobres. Infectado pelo ebola, morreu em julho passado causando comoção nacional.

    5) David Spergel. Em março pesquisadores divulgaram pela mídia um estudo desenvolvido no telescópio BICEP2, instalado no polo Sul, no qual haviam detectado ondas gravitacionais em pontos distantes do espaço sideral. Há muito procuradas, essas ondas forneceriam a evidência de que o Universo teria sofrido enorme expansão cósmica em seus instantes iniciais, demonstração que daria o Nobel ao grupo.
    Spergel questionou os resultados, mostrando que o sinal detectado era um artefato e que descobertas científicas não devem ser divulgadas antes de passar por exame rigoroso.

    6) Maryam Mirzakhani. Seu orientador, Curtis McMullen, havia solucionado um problema sobre o comportamento que bolas de bilhar teriam numa mesa abstrata em formato de um biscoito "doughnut", com dois buracos. Ela estendeu esses cálculos para todas as superfícies com dois ou mais buracos, harmonizando áreas como geometria, topologia e sistemas dinâmicos.
    Por esse trabalho, foi condecorada com a medalha Fields, o Nobel da matemática.

    7) Pete Frates. Há dois anos recebeu o diagnóstico de ELA (esclerose amiotrófica lateral), doença grave, que compromete progressivamente a motricidade. Criou campanha pela internet destinada a angariar fundos para os estudos sobre a enfermidade. Os vídeos divulgados pelo Facebook permitiram levantar US$ 115 milhões.
    8) Koppillil Radhakrishnan. Engenheiro-chefe da Organização de Pesquisas Espaciais da Índia, ele liderou o grupo responsável pelo envio de uma nave a Marte, colocando seu país no grupo seleto das nações com ambição e capacidade técnica para explorar o Sistema Solar.

    9) Masayo Takahashi. O transplante de células-tronco multipotentes para corrigir defeitos na retina (degeneração macular) de uma mulher conduzido por ela foi o primeiro teste promissor com essa tecnologia. Os fotorreceptores obtidos a partir das células-tronco precisam estabelecer conexões com os neurônios, para devolver a visão ao grande número de idosos portadores desse defeito.

    10) Sjors Scheres. É o biólogo estruturalista que obteve as imagens mais claras dos ribossomos, as organelas responsáveis pela produção de proteínas no interior das células.
    Scheres não se diz interessado em ribossomos, mas na matemática que lhe permitiu fazer os cálculos para chegar ao software que serviu de base para a crioeletromicroscopia, método desenvolvido por ele para a obtenção de imagens tão detalhadas.

    drauzio varella

    Médico cancerologista, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer. Um dos pioneiros no tratamento da Aids no Brasil e do trabalho em prisões. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.

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