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    Edgard Alves

    Candidaturas olímpicas

    30/03/2013 03h03

    Ao visitar as três candidatas a organizar a Olimpíada-2020, o presidente da comissão de avaliação do Comitê Olímpico Internacional, Craig Reedie, ficou "impressionado" com a espanhola Madri, "enormemente impressionado" com a japonesa Tóquio e com "impressão excelente" da turca Istambul.

    O périplo dos dirigentes do COI foi encerrado na última quarta, mas a votação para a escolha da vencedora ocorre só em 7 de setembro, em Buenos Aires, na Argentina.

    Quem acompanhou as visitas pela mídia certamente ficou muito impressionado com as intrigantes propostas de gastos das candidaturas, todas sinalizando contar com apoio governamental e empresarial.

    Madri planeja gastar US$ 1,9 bilhão (R$ 3,84 bilhões); Tóquio, US$ 4,9 bilhões (R$ 9,91 bilhões); e Istambul, US$ 19,2 bilhões (R$ 38,81 bilhões).

    Para comparação, o Rio de Janeiro, que abrigará os Jogos em 2016, apresentou na candidatura uma estimativa de orçamento de US$ 14,3 bilhões (R$ 28,91 bilhões), que deve ser atualizada em julho. Londres-2012, por sua vez, fecha finalmente os números de lá em junho, algo em torno de 7,3 bilhões de libras (R$ 22,46 bilhões). Mais salgada foi a conta de Pequim-2008: US$ 42 bilhões (R$ 84,9 bilhões).

    Argumentações específicas acompanham as cifras das candidaturas para 2020. Madri, por exemplo, apesar da crise econômica europeia e de o país enfrentar uma segunda recessão em três anos, alega que a maior parte das obras já está pronta, inclusive as de infraestrutura.

    Tóquio conta com forte apoio governamental para demonstrar sua recuperação após o tsunami de 2011, procedimento semelhante ao da Olimpíada-1964, também realizada na capital japonesa, que simbolizou o ressurgimento do país após a derrota na Segunda Guerra Mundial.

    E Istambul, a mais cara, destaca que os investimentos em infraestrutura ocorrerão mesmo que a escolha olímpica não recaia sobre ela. Dessa forma, seu projeto concentra gastos no setor de transportes, um dos problemas do país, que, em 2023, comemora o centenário da criação da república. Além disso, aponta a chance de a Olimpíada ser realizada pela primeira vez em um modelo de democracia muçulmana e com o apelo daquela região se localizar entre Ásia e Europa.

    Os Jogos, como banana de feira em época de inflação, têm preço astronômico em cada banca. A diferença da conta olímpica, vultosa e pouco transparente, é ser paga quase sempre com dinheiro público.

    ESCÂNDALO DO ENGENHÃO

    Muito foi dito durante a semana sobre o descalabro do Engenhão, o legado do Pan-2007, fechado por causa do risco de queda da cobertura, apenas cerca de seis anos após sua inauguração. Risco maior corre o contribuinte: o de ter de pagar a conta, uma vergonha.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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