• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 05:14:47 -03
    Edgard Alves

    Troca de bandeiras

    11/05/2013 03h00

    A globalização na área dos esportes, que intensificou o intercâmbio internacional, abrindo horizontes para o setor, aponta na direção de uma atração extra para o Brasil na Olimpíada do Rio, em 2016.

    Trata-se da oportunidade de vir a ocorrer durante o evento confrontos entre brasileiros em alguns esportes. Isto porque, atletas nacionais já procuram outros países em busca de naturalização, a fim de ganharem condições para disputar os Jogos sob nova bandeira.

    Isso não é inédito, mas ocorreu anteriormente sem impacto, leve. Em Pequim-2008, duplas do vôlei de praia, integradas pelos brasileiros Jorge Terceiro, Renato Gomes, Cristine Santanna e Andrezza Chagas, defenderam a Georgia. E a onda desse procedimento mostra evolução e tende a se tornar rotina.

    Sete judocas brasileiros, naturalizados ou em processo de naturalização para defender outros países, foram contabilizados por Rodrigo Farah, no UOL: Taciana Lima (Guiné-Bissau), Camila Minakawa (Israel), Sérgio Pessoa (Canadá), Carlos Luz e Eduardo Lopes (Portugal), Moacir Mendes (Uruguai) e Victor Karabourniotis (Grécia).

    É um número expressivo, que mostra o potencial do judô nacional, medalhista em todas as Olimpíadas desde Los Angeles-84. Nos Jogos, cada equipe pode classificar um atleta por categoria. Quem não sonha em participar da Olimpíada? Por isso, a busca por outro país virou opção, um novo caminho.

    O esporte de alto rendimento é a ponta de uma pirâmide, com os iniciantes formando a enorme base e, no alto, os fora de série. No Brasil, são os casos, especialmente, do judô e do futebol. Além dos títulos mundiais da seleção, ninguém estranha o fato de futebolistas brasileiros atuarem em times nos mais longínquos cantos do planeta.

    Na contramão dessa corrente, o Brasil também utiliza "nacionalizados". Coincidentemente, a primeira medalha olímpica brasileira do judô --bronze em Munique-72-- foi uma conquista de um japonês naturalizado, Chiaki Ishii. Em Londres, ano passado, Gui Lin, nascida em Nanning, na China, vestiu a camiseta brasileira do tênis de mesa.

    Tem ainda brasileiros, moradores desde cedo em outros países, que, em alguns casos, nem português falam com fluência, como Jhonatan Longhi e Maya Harrison no esqui alpino nos Jogos de Inverno-2010. Em contrapartida, o país não poupa esforços para importar técnicos. No momento, 32 treinadores de 19 nacionalidades atuam em 21 seleções olímpicas.

    Interessante é que essa abertura de fronteiras também virou arma dos atletas contra maus dirigentes e falta de apoio, como mostrou o episódio envolvendo o ginasta Arthur Zanetti, ouro em Londres. Bastou ele encenar uma possível, embora improvável, troca de nacionalidade, e suas reivindicações foram prontamente atendidas.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024