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    Edgard Alves

    Teste de segurança

    29/06/2013 03h00

    No clima das manifestações que abalam o país, a Copa das Confederações chega ao fim amanhã com Brasil x Espanha, no Rio, onde o movimento reivindicatório dos brasileiros reuniu maior número de pessoas do que nas outras cinco cidades que abrigaram jogos do torneio.

    A partida encerra o primeiro desafio de segurança dos grandes eventos esportivos internacionais assumidos pelo Brasil, que prossegue com a Copa, ano que vem em 12 pontos do país, e finda com a Olimpíada-2016, exclusivamente no Rio.

    A segurança nacional passou no teste? Algum grave risco foi contornado? Em qualquer grande planejamento de segurança, não existe a hipótese de garantia de 100% no êxito, uma vez que a área lida com o imprevisível e com o imponderável. Até agora, no entanto, a Copa das Confederações não sofreu qualquer trauma no quesito segurança.

    Sequer houve ameaça de ação de terrorismo ou sabotagem. E as manifestações da população reivindicando direitos não impediram, no geral, o andamento das atividades no país, embora com pontuais excessos da PM e de manifestantes.

    Em conferência internacional, ano passado, em Brasília, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, propagandeou que o legado dos grandes eventos mudará o modelo de segurança no país, avaliação ratificada pela presidente Dilma Rousseff, recentemente.

    Foi criada a Sesge (Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos), subordinada ao MJ, que coordena as ações envolvendo as forças de segurança nas esferas federal, estadual e municipal, projeto com suporte de R$ 1,8 bilhão do governo federal. Como plano estratégico de segurança, por razões óbvias, exige sigilo, por enquanto o tal legado suscita ponto de interrogação.

    Nesta Folha, ontem, Eliane Cantanhêde escreveu que os órgãos de inteligência mapeiam as minorias violentas. Com a cabeça coberta por panos para driblar a identificação, elas provocam tumultos e saques, que acabam ganhando mais evidência do que a ação da maioria nas manifestações. Indiscutível que os serviços de inteligência sejam a alma e o coração para estratégias de segurança. Mas é um jogo delicado, que exige cautela, ponderação e bom senso em abundância.

    Apesar da expectativa em relação à segurança, a torcida pelo país afora é pela vitória da seleção brasileira, amanhã, e, caso haja algum tipo de manifestação, para que seja pacífica. Domingo, no Rio, costuma ser dia especial para curtir a praia e futebol, ainda mais uma decisão desse porte, a primeira na história do novo Maracanã, cuja remodelação consumiu R$ 1,2 bi.

    Não há favorito. Inexiste risco de outro surpreendente Maracanazo. Afinal, a Espanha ostenta a fama de detentora da vanguarda do futebol da atualidade, do moderno.

    Blefe ou realidade? Esse é o teste que todos esperam.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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