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    Edgard Alves

    Em mãos seguras

    28/09/2013 03h00

    Tóquio conquistou o direito de organizar os Jogos Olímpicos, em 2020, porque passou confiança e segurança de que o projeto apresentado na candidatura vai funcionar. A campanha sinalizando que os Jogos estariam "em mãos seguras" colou.

    O vazamento na usina nuclear de Fukushima, a 250 km da capital japonesa, era o risco de o tiro sair pela culatra. Mas os japoneses convenceram os cartolas do COI de que os problemas por lá estão sob controle, embora um ponto de interrogação deva persistir sobre essa questão por muito tempo ainda.

    Como em qualquer negócio, sem dúvida, pesou a favor dos japoneses um fundo de reservas já existente para os Jogos de US$ 4,5 bilhões, ou seja, mais da metade dos US$ 7,8 bilhões do orçamento do dossiê da candidatura. Em 2009, o Rio ganhou a disputa para 2016 com uma estimativa orçamentária de US$ 14,3 bilhões.

    A reserva de caixa, mais o projeto com 36 arenas, 15 das quais já existentes e dez temporárias, indicando remotas chances de elefantes brancos, respaldaram o êxito da candidatura de Tóquio. Coincidentemente, é provável que o eco dos atrasos no trabalho de preparação do Rio também tenha criado um ruído, realçando a idéia de que os japoneses seriam eficientes no cumprimento de prazos.

    Curioso é o fato de que Tóquio fracassara na campanha vitoriosa do Rio, que teve o forte apelo da América do Sul como palco inédito do evento desde a primeira Olimpíada da Era Moderna, em Atenas-1896.

    Desta vez, no entanto, nem a proposta barata de Madri, com grande parte do parque olímpico já construído nem os chamamentos de Istambul para a realização dos Jogos num país de maioria muçulmana, com um pé na Ásia e outro na Europa, tiveram força para bater Tóquio.

    Os Jogos daqui a sete anos serão o quinto evento esportivo de tal relevo organizado pelo Japão. Antes, o país abrigou a Olimpíada de verão, também em Tóquio-1964, evento que serviu para mostrar ao mundo a reconstrução do país após a Segunda Guerra.

    Seguiram-se dois outros Jogos de inverno, em Sapporo-1972 e Nagano-1998, e a experiência da Copa do Mundo de 2002, que dividiu com a Coreia do Sul.
    Embora o 11º posto (38 medalhas, sendo sete de ouro, 14 de prata e 17 de bronze) no quadro de pódios de Londres-12 seja um discreto cartão de apresentação, o Japão utilizou como uma das bandeiras da candidatura de Tóquio a dedicação do país à cultura dos valores olímpicos. A luta contra o doping, por exemplo, foi destacada com um desses pontos.

    Por todos esses detalhes é que os delegados do COI não se deixaram pressionar pelo fato de que a Ásia teve um Olimpíada recente, em Pequim-2008, e vai ser palco dos Jogos de Inverno de 2018, em Pyeongchang, na Coreia do Sul. Com o voto na capital japonesa, certamente eles vislumbraram um céu de brigadeiro na viagem olímpica de 2016 para 2020.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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