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    Edgard Alves

    Cerco contra o doping aperta

    23/11/2013 03h00

    A sanção por doping vai dobrar, saltando de dois para quatro anos de suspensão. É o destaque do novo código da Wada, a Agência Mundial Antidoping, aprovado por unanimidade na semana passada e que passa a valer em 2015. Portanto, cerca de um ano e meio antes da abertura dos Jogos do Rio, a luta contra o doping ganhará intensidade.

    O código ficou mais forte e rigoroso para os que usam substâncias potentes. Agora, todo condenado por doping com indício de trapaça estará fora da Olimpíada seguinte.

    Em contrapartida, comprovada a carência de intencionalidade por parte do esportista, abre-se a possibilidade de suspensão mais branda. Além disso, substâncias específicas e ausência de componente para o aumento da performance podem resultar em flexibilização ainda maior, como uma simples reprimenda ao infrator.

    As novas regras incluem também investigações por conta da Wada. Elas avançam além das análises de sangue e urina, alcançando as equipes de apoio, o entorno dos atletas, como médicos e técnicos. Nessa mira entra o tráfico de drogas proibidas no esporte.

    Outra decisão importante é a ampliação de oito para dez anos da guarda de material coletado para que exames sejam refeitos, com uso de novas tecnologias e aumento da qualidade do teste.

    Desde que o Ladetec, que funciona no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi punido pela Wada por falhas cometidas nas suas atividades, o Brasil está alijado, temporariamente, de intervir diretamente nessa ofensiva. Não conta com nenhum laboratório credenciado para a análise de testes antidoping.

    O país, sem dúvida, continua empenhado na luta contra o doping. Entretanto, mesmo gastando fortunas para abrigar uma Olimpíada e uma Copa do Mundo, está a reboque de outros centros. Todo teste realizado no território nacional é enviado para análise no exterior, com custos mais altos, um desperdício.

    Para a Olimpíada, o Comitê Olímpico Internacional exige um laboratório capacitado no local da competição. Assim evita exposição temerária desnecessária do material coletado no transporte por longas distâncias e agiliza os resultados.

    Sob pressão, o Ladetec amplia suas instalações. Terá de importar equipamentos, preparar suas equipes e testar o laboratório. Se tudo funcionar, pode reconquistar o credenciamento. Caso contrário, o COI deve intervir na organização dos Jogos, recorrendo aos canais internacionais competentes para contar com um laboratório eficaz durante a competição, que exigirá análises de pelo menos 6.000 testes.

    Por isso, a corrida contra o tempo preocupa. Fracassar no projeto do laboratório é o maior risco que o país corre de fiasco, de passar vergonha por incompetência, antes mesmo da abertura da Olimpíada.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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