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    Edgard Alves

    Sinal amarelo

    30/11/2013 03h00

    O acidente no Itaquerão, que resultou na morte de dois operários, acende a luz amarela em todo o canteiro de obras dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. Construções com prazos de conclusão inadiáveis são sempre mais temerárias e exigem muito rigor no controle de qualidade e segurança, tanto para o momento da sua execução como para o futuro.

    Além disso, o imponderável ronda a execução dos trabalhos, deixando no ar uma ameaça permanente de acidentes, com operários sob risco e também acrescentando um ponto de interrogação quanto ao andamento e finalização da obra.

    Os responsáveis pelo Itaquerão --construtora Odebrechet e diretoria do Corinthians-- lamentam as mortes, atitude que mal serve de consolo para o desamparo dos familiares. Quanto à finalidade histórica e midiática do estádio, a de ser o palco da abertura da Copa do Mundo, em junho próximo, há tempo suficiente para reação.

    Os preparativos para a Olimpíada do Rio são diferentes. Contemplam um vasto programa de obras, algumas das quais com prazo de finalização nas vésperas da abertura dos Jogos, em 5 de agosto de 2016. Portanto, restam apenas 979 dias. Prazos apertados geram riscos extras e aumentos astronômicos nos custos.

    Os Jogos Olímpicos já registram atrasos. O principal deles, o da estimativa de orçamento, que arranha em todos os custos, interfere no planejamento, licitações ainda a serem feitas e obras em execução e futuras.

    O novo presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva, que assumiu o posto recentemente, trabalha contra o tempo na elaboração do orçamento. Há uma tentativa de zerar o déficit do comitê organizador, que seria coberto com recursos públicos da União, do Estado e do município do Rio.

    Recentemente, Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê Rio-2016, responsável pela organização dos Jogos, em declarações à mídia, mostrou despreocupação com o andamento dos preparativos para o evento, ressaltando que está tudo dentro do planejado.

    Não é bem assim. A construção do Complexo Esportivo de Deodoro, por exemplo, tem calendário apertado e corre o risco de ficar pronta apenas poucos meses antes da abertura. As obras começam no ano que vem. Até o prefeito do Rio, Eduardo Paes, manifestou apreensão sobre Deodoro, a segunda maior estrutura dos Jogos.

    Há também cenários até otimistas, como a avaliação do oitavo encontro de Revisão do Projeto dos Jogos, encerrado anteontem, no Rio, entre representantes brasileiros e do Comitê Olímpico Internacional. Ali, finalmente foram definidos todos os locais de competição. Um avanço, já que a partir de agora, com meta definida, o planejamento torna-se mais concreto e produtivo.

    A Copa do Mundo e a Olimpíada são compromissos sem escape. Impossível refugar. O jeito é seguir em frente, mais atentos com o triste e lamentável alerta do Itaquerão.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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