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    Edgard Alves

    Olimpíada sem cabresto

    07/12/2013 03h00

    Organizar uma Olimpíada é façanha para poucas cidades tal a sua complexidade e gigantismo, que exigem gastos exorbitantes. Mas isso pode mudar, em parte, abrindo um leque mais amplo para candidaturas interessadas em abrigá-la.

    Pelo menos vai nesse sentido a proposta lançada pelo novo presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, eleito em setembro para um período de oito anos, com direito a uma reeleição por outros quatro anos.

    Criados em 1896, em Atenas, os Jogos Olímpicos resistiram ao tempo e conquistaram cada vez mais espaço, tornando incontestável o interesse pelo movimento olímpico. Se naquela primeira edição na Grécia eram 241 atletas de 14 países, hoje são cerca de 10.500 concorrentes de 204 países. Esse número poderia ser maior, mas o COI impõe limites para não perder o padrão.

    Os Jogos são um autêntico evento global da paz, cheio de emoção, de modernidades, de produtos, de marketing, de tecnologias arrojadas e mostrado ao vivo para todo o planeta. Qual é a proposta de Bach? Ela ainda não está definida, mas a ideia central é deixar as candidatas usarem criatividade, incentivar as cidades a apresentarem projetos originais, menos formatados do que tem sido feito nas últimas décadas.

    Na configuração atual, segundo Bach, são feitas centenas de perguntas técnicas precisas no início das candidaturas, que não deixam espaço para a manifestação mais espontânea das interessadas. Seria melhor perguntar como elas acham que os Jogos podem se inserir no seu ambiente natural e social, dentro de um plano economicamente viável.

    A Copa do Mundo no Brasil, por exemplo, poderia ser mais arrojada e divertida se a Fifa interferisse menos e deixasse de lado parte das imposições e sofisticações. Apesar disso, e dos prováveis tropeços que devem ocorrer, principalmente no setor de transportes dos torcedores, estou convencido de que vai ser uma grande festa. O futebol funciona assim por estas bandas. Carece de mudanças, algumas profundas, mas isso não vai acontecer da noite para o dia, como mágica de circo.

    Uma cerimônia de transferência de poderes entre o presidente de honra, o belga Jacques Rogge, e o atual, Thomas Bach, na próxima terça, na sede do COI, é espaço também para discussões sobre as atividades das Comissões de Coordenação para as próximas edições dos Jogos Olímpicos. Recentemente, Bach declarou que não há tempo a perder na preparação do Rio. Até agora ele não apareceu aqui. Quando vier, bem que poderia antecipar esse movimento de flexibilização, ajudando a reduzir a conta dos Jogos. O contribuinte agradeceria.

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    Com esta coluna encerro um dos ciclos de uma jornada de 46 anos na Folha, agradecendo e desejando vida longa a todos os leitores.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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