• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 05:44:51 -03
    Edgard Alves

    Vôlei vai dar a volta por cima

    27/05/2014 02h00

    A seleção nacional masculina de vôlei é um dos pontos fortes do esporte do país pelos expressivos resultados alcançados nas últimas três décadas. Por causa disso, as derrotas diante da Itália, em jogos da Liga Mundial, no fim de semana que passou, tenham apanhado o torcedor de surpresa. Justo agora, na reta para a Olimpíada, em casa, o vôlei começa a desmoronar?

    Não, não é nada disso. A seleção continua figurando entre os times de alto padrão do vôlei internacional. Os seus jogadores, sem dúvida, despontam no grupo dos mais destacados do mundo. Como explicar, então, as inapeláveis derrotas?

    Da ponta da língua do técnico Bernardinho sai uma resposta rápida, embora convencional: o calendário da modalidade tem sido cruel. Faltou tempo para que a dosagem do treinamento fosse a ideal e assim a seleção atingisse todo o seu potencial. Além disso, o time italiano não é um rival qualquer, sendo a Itália um dos principais centros mundiais da modalidade.

    Bernardinho tem lá suas razões. É provável que a seleção suba de produção com a Liga em andamento e apresente um nível de jogo mais compatível com sua fama de vitoriosa. Na quinta-feira e na sexta, o Brasil volta à quadra contra a Polônia. A disputa tem muito chão pela frente.

    Para a Olimpíada do Rio, daqui a dois anos, a seleção terá bastante tempo para reencontrar o seu melhor padrão de jogo e dar muitas alegrias aos torcedores.

    O problema do vôlei brasileiro, nos tempos atuais, não está dentro das quadras, nas quais os rapazes e as raparigas têm estofo para reagir, e técnicos competentes como o vitorioso José Roberto Guimarães, campeão olímpico no masculino e bi no feminino, e Bernardinho, vencedor com o masculino em Atenas-04 e vice em Pequim-08 e Londres-12.

    O grande embate do vôlei brasileiro vem sendo travado nos bastidores da Confederação Brasileira da modalidade, onde registros contábeis se enquadram dentro dos limites das leis mas deixam no ar muitas dúvidas e suspeitas de malversações.

    Os alvos principais são contratos mais recentes de patrocínio entre a CBV e o Banco do Brasil, parceiro do vôlei há 23 anos. Exemplo: pagamentos a duas empresas de R$ 10 milhões cada para intermediar contratos de patrocínio com o banco.

    Sempre há o risco, mesmo que mínimo, de uma situação dessa natureza respingar nas seleções, causando danos extra-quadra e no aspecto psicológico do grupo. Nada que uma comissão técnica eficiente não consiga driblar.

    O que precisa ser evitado a qualquer custo, no entanto, é que o desacerto da cartolagem atrapalhe o planejamento e o desenvolvimento do trabalho das seleções. Material humano não falta para o Brasil subir ao pódio em 2016.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024