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    Edgard Alves

    Copa abafa 100 anos do COB

    10/06/2014 02h00

    O centenário da criação do Comitê Olímpico Brasileiro ocorreu no último domingo (8), e passou desapercebido, sem qualquer comemoração de porte como se espera em efeméride dessa natureza. A entidade foi fundada em 8 de junho de 1914, 18 anos após a edição inaugural dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas-1896.

    O olimpismo nacional desperdiçou a oportunidade de lustrar a sua memória, de ganhar um pouco de brilho rememorando seus feitos, com o país se aproximando do mais expressivo momento de sua história no setor, a realização da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

    A Copa do Mundo de futebol, que começa na quinta-feira, monopoliza o noticiário com os preparativos da seleção brasileira e a chegada das delegações participantes, e praticamente coloca os esportes olímpicos hibernando nestes tempos. Até as rotineiras críticas aos atrasos nos canteiros de obras da Olimpíada andam esquecidas.

    O futebol é a paixão esportiva nacional. Paradoxalmente, apesar desse prestígio com a população e das cinco Copas ganhas pela seleção nacional, o futebol tem uma mancha negativa em sua galeria de títulos, a ausência de uma medalha olímpica de ouro.

    Nos seus 100 anos de existência, o COB foi comandado por apenas oito dirigentes. O atual presidente é Carlos Arthur Nuzman, que assumiu o posto em julho de 1995, vai até 2016 e tem direito a tentar a reeleição para um novo mandato de quatro anos. Ele também acumula o cargo de presidente do Comitê Rio 2016, responsável pela organização dos Jogos daqui a dois anos. Portanto, com dupla função, tinha motivos de sobra para promover o centenário, mas deixou a chance escapar.

    O Brasil estreou nas Olimpíadas em 1920, em Antuérpia, na Bélgica, conquistando três medalhas, todas no tiro, uma delas de ouro com Guilherme Paraense. Um início aparentemente promissor, mas que acabou se transformando em participações modestas ao longo dos anos, especialmente pelas dificuldades financeiras na elaboração de projetos de incentivo ao esporte, que por quase um século esteve restrito ao amadorismo pelas regras do Comitê Olímpico Internacional.

    A partir da década de 90, já com a publicidade liberada havia cerca de uma década e a admissão do profissionalismo nos Jogos, o desempenho das delegações nacionais iniciou uma tímida reação.

    Novas fontes de recursos –patrocinadores privados, verbas governamentais e da loteria– têm respaldado os projetos olímpicos. O país soma 108 medalhas olímpicas, das quais 23 de ouro, 30 de prata e 55 de bronze.

    O COB planeja colocar a delegação nacional entre as dez da ponta da tabela definida pelo total de medalhas conquistadas nos Jogos do Rio. Na última Olimpíada, em Londres-12, o Brasil terminou em 22º lugar na classificação convencional, que leva em conta as medalhas de ouro. Ganhou três, mais cinco de prata e nove de bronze, totalizando 17.

    Por sua vez, essa soma igualou a do 16º posto no ordenamento dos países pelo total de medalhas, distante 12 pódios do grupo dos dez. No Rio, levando em conta as campanhas dos mais de 200 participantes nos dois últimos Jogos, o COB calcula entre 27 e 30 medalhas para o país ter chance de figurar no bloco da vanguarda.

    Essa expectativa, com os atletas nacionais atuando em casa, incentivados pelos torcedores, não representa uma grande evolução. Em contrapartida, também não é uma meta impossível.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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