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    Edgard Alves

    Times mistos, skate e surfe na Olimpíada. Quando?

    DE SÃO PAULO

    02/09/2014 01h30

    Os debates da cartolagem olímpica devem ganhar novos rumos, impensáveis até o momento, caso prosperem as ideias que passam pela cabeça do presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, que assumiu o posto há quase um ano.

    Uma das propostas dele, por exemplo, é a criação de um canal de televisão para dar acesso mundial ao esporte olímpico todos os dias, 24 horas. Isso ele revelou em entrevista ao jornalista Rafael Valesi, do diário Lance. Mais: um dos seus desejos é incluir na Olimpíada competições de equipes mistas, com homens e mulheres, formato já adotado nos Jogos da Juventude em diversas especialidades.

    Alegou serem atraentes provas desse tipo e que permitem um desenvolvimento maior da participação feminina no esporte ao redor do planeta. Dos esportes olímpicos, o hipismo é o único já enquadrado completamente nessa proposta das provas mistas. Competem homens e mulheres, montando cavalos e éguas, sem qualquer handicap, ou seja, em total pé de igualdade.

    Os Jogos Olímpicos se expandiram de forma expressiva especialmente nas últimas quatro décadas. De cerca de duas centenas e meia de atletas na edição inaugural em Atenas-1896 passou-se hoje a 10.500, o teto estabelecido pelo COI para que a organização possa assegurar um nível adequado e controle do evento.

    Esse gigantismo é apenas um dos pontos de preocupação do COI. O organismo está atento e mantém permanente vigilância sobre os esportes que integram a grade de disputas. No Rio, daqui a dois anos, serão 28 esportes, apresentando como novidades o rúgbi e o golfe, que recuperaram suas vagas nos Jogos.

    A Olimpíada de Londres-12 abriu uma nova cortina para as disputas quando realizou torneios masculino e feminino de boxe. Foi a primeira vez que as mulheres subiram no ringue, até entao território exclusivo para homens. O boxe se converteu no último da fila a superar essa barreira. Um marco, porque a Olimpíada passou a contar com competições nos dois gêneros em todos os esportes.

    A cada ciclo olímpico o COI rediscute suas atrações e o interesse despertado no público de uma maneira geral pelos seus esportes. Alguns deles acabam substituídos. A disputa é acirrada. Os dirigentes de cada disciplina buscam uma adequação aos tempos modernos, às novas tecnologias, tudo que aumente o grau das emoções.

    Em setembro do ano passado, depois de muita polêmica, a luta olímpica (engloba greco-romana e livre) ficou com a vaga que era oferecida para 2020 numa disputa com os esportes selecionados para o pleito, o squash (praticado com raquetes, em quadra fechada, com os atletas alternando jogadas numa parede frontal) e o beisebol/softbol (uniram forças para uma só vaga, o beisebol para o setor masculino e o softbal para o feminino).

    Não foi fácil. A luta, participante desde os primórdios do evento, tinha acabado de ser excluída dos Jogos, mas não desistiu. Mudou regras, buscando tornar a disputa mais atrativa para a TV, e conseguiu juntar EUA, Rússia e Irã do mesmo lado na reivindicação, algo muito delicado no horizonte da conturbada política internacional.

    Pois bem, Bach também já manifestou curiosidade por outras disciplinas que ganham espaço na atualidade entre os jovens e na mídia. Um exemplo é o skate. Em contrapartida, não parece ter simpatia pelo pentatlo moderno e pela luta. Além disso despontam interessados em promoção de práticas como a do surfe. Um grupo chegou a apresentar ao COI projeto de equipamento que produz ondas, todas iguais. Um recurso para viabilizar o surfe nos Jogos, mas são discussões ainda incipientes.

    Os esportes fazem girar milhões de dólares em todos os cantos da Terra, estimulando novas frentes, novos produtos. Por isso a Olimpíada, que reúne 204 países, desperta ambições desenfreadas e ganância. Aos esportistas tradicionais, é certo, não faltarão aborrecimentos nos próximos tempos.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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