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    Edgard Alves

    O futebol olímpico e os desafios ao torcedor

    DE SÃO PAULO

    30/09/2014 02h00

    A Copa do Mundo de futebol ficou para trás e ninguém mais toca no assunto por aqui. O vexame da seleção brasileira irritou os torcedores, que alimentaram expectativas positivas com o time do Felipão. Pois bem, o futebol sempre abre cortinas para novos sonhos, ou apenas ilusões, como ficou evidente com o engodo da seleção na Copa.

    O desafio da vez são os torneios masculino e feminino dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto de 2016. Diferentes da Copa, conquistada pela seleção em cinco oportunidades, nas Olimpíadas as equipes brasileiras jamais chegaram ao título, nunca desfrutaram o prazer de uma medalha de ouro. Na verdade, é o único troféu ausente no capítulo de sucessos da história do futebol brasileiro.

    As seleções chegaram bem perto, ganhando prata, a masculina em três oportunidades e a feminina, em duas. Em nenhuma das vezes, no entanto, havia algo marcante como o fato de jogarem em casa, com clima favorável e diante dos seus torcedores, diferencial que terão nesta Olimpíada.

    Os preparativos seguem a todo vapor, uma vez que as vagas das duas equipes estão asseguradas pela condição de anfitriãs. A feminina, sob o comando do técnico Vadão, acaba de conquistar a Copa América, no Equador, e vai passar por um grande teste no ano que vem nas disputas do Mundial do Canadá.

    O time masculino, dirigido por Alexandre Gallo, traçou seu planejamento ao longo das temporadas em paralelo com etapas de preparativos da seleção principal, a privilegiada nas convocações quando coincidir o interesse por um jogador.

    No momento, a seleção olímpica trabalha com atletas de até 21 anos porque o regulamento dos Jogos estabelece o teto de 23 anos, com apenas três jogadores podendo ultrapassar esse limite. Gallo já adiantou que um deles será Neymar.

    A questão é que, quanto mais os Jogos se aproximam, mais idade terão os candidatos à convocação, consequentemente, mais experiência e mais chance de promoções nos seus clubes. Portanto, nesse cenário, recorrer ao bom-senso será decisivo para que a seleção olímpica não tenha sua preparação prejudicada na reta final, perdendo jogadores para a principal.

    Numa situação considerada normal, esperar pelo bom-senso de instâncias da CBF é algo que, no mínimo, exige paciência e controle emocional dos torcedores das seleções. Para atirar mais lenha nessa fogueira, a Associação Européia de Clubes, presidida pelo alemão Karl Heinz Rummenigge, anunciou recentemente ao jornal O Estado de S.Paulo que não tem obrigação de liberar jogadores para partidas internacionais. Até mesmo para atuarem nos Jogos Olímpicos.

    Na Copa, 76% dos jogadores eram empregados de clubes europeus, apontou a associação, destacando que a Copa América (em 2015 nos EUA) e a Olimpíada são os principais entraves, já que ambos desfalcariam os clubes por tempo considerado excessivo e poderiam causar lesões.

    O futebol olímpico tem outros entraves pela frente. As disputas, inicialmente previstas para cinco praças (Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Salvador), podem ganhar uma sexta cidade-sede em consequência da indefinição sobre utilização ou não do Engenhão, no Rio. Além disso, abriu-se a possibilidade de mais de um estádio abrigar jogos em São Paulo. Candidatos: Arena Corinthians (preferência da Fifa), Parque Antarctica e Morumbi.

    Essa cascata de dúvidas gera outras indefinições, como o valor da meia-entrada nessas sub-sedes, por causa de legislações locais, embora os preços dos ingressos sejam conhecidos. No masculino será de R$ 50 (o mais barato na fase preliminar) a R$ 900 (o mais caro na final) e feminino, de R$ 40 a R$ 580.

    Em todas essas questões, a Fifa e o comitê organizador dos Jogos parecem pouco preocupados com os torcedores. Não basta a apreensão com a preparação adequada das duas seleções. Ainda sobram esses tipos de aborrecimentos para os interessados em acompanhar os torneios olímpicos das arquibancadas.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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