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    Edgard Alves

    Olimpíada busca solução para ter final do futebol no Maracanã

    27/01/2015 02h00

    O Brasil nunca ganhou título olímpico no futebol, nem no masculino nem no feminino. Em contrapartida, arrebatou a Copa do Mundo em cinco oportunidades. Por todos esses fatores, o Comitê Olímpico Internacional, a Fifa e a organização da Olimpíada se deparam com um dilema no planejamento dos torneios de futebol dos Jogos no Rio: a dificuldade para programar a decisão do futebol masculino no Maracanã, mítico palco mundial da modalidade.

    Cotado como uma das chaves de ouro para fechar a Olimpíada, o futebol esbarra na questão do estádio que, nos derradeiros momentos dos Jogos, ficará à disposição dos preparativos para a cerimônia de encerramento. Situação embaraçosa. A solenidade olímpica é intocável e o futebol, emblemático, em se tratando do Brasil, país da modalidade e organizador dos Jogos.

    A solução para o impasse deve surgir só depois do Carnaval, como tudo por aqui. O presidente do COI e dirigentes da entidade estarão no Rio, onde haverá reuniões que tratarão do assunto. O programa, lógico, vai incluir assistir ao desfile de escolas de samba, porque a cartolagem não é de ferro.

    Até o novo ministro do Esporte, o político e pastor religioso George Hilton, tem motivos para dispensar olhar especial ao futebol. Não que seja um especialista. Ao contrário, ao assumir a pasta disse nada entender de esporte. Um dos principais pedidos da presidente Dilma Rousseff é para que ele tenha cuidado com o desenvolvimento do futebol feminino. Dá para contrariar?

    Vale ressaltar, e não se pode negar, que uma final olímpica no futebol é motivo para uma redenção brasileira da campanha vexatória na Copa do Mundo. Os planos da cerimônia de encerramento, já prontos, devem sofrer adaptações, abrindo espaço para o futebol.

    Embora outras opções estejam engatilhadas, como o Itaquerão, que serviu de palco da abertura da Copa, e o Mineirão, local do massacre alemão no Mundial, é improvável que o Maracanã seja descartado.

    O futebol é a menina dos olhos da TV, nacional (leia-se Globo) e internacional (NBCU/EUA). O COI não poupa esforços para atender a vontade das televisões. Afinal, a NBCU é detentora do maior contrato de direitos da história do esporte mundial, que tem o COI como a parte cedente: US$ 4,4 bilhões, de 2011 a 2020 (Rio incluso); e US$ 7,65 bilhões (de 2021 a 2032).

    O futebol é o único esporte que será disputado em outras praças, além do Rio. Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, a entidade responsável diretamente pela organização dos torneios olímpicos da modalidade, já adiantou que outras quatro cidades devem abrigar partidas: São Paulo (Itaquerão), Belo Horizonte, Brasília e Salvador.

    Vale ressaltar que há possibilidades de alterações nesse quadro para a inclusão de jogos em Manaus e Porto Alegre, embora essas hipóteses sejam remotas, e, com chances quase certas, de mais dois estádios –um paulista, provavelmente o Parque Antarctica, e o carioca Engenhão, que passa por reformas.

    A proposta da Fifa mira na escalação das arenas da Copa. Faz sentido. Inaugurado recentemente, o Parque seria uma exceção. Para a Fifa, no entanto, o ideal é que os times fiquem na Vila Olímpica, no Rio, para um congraçamento do futebol com equipes e atletas das demais modalidades, um dos objetivos do espírito dos Jogos. Viagens longas podem atrapalhar essa integração.

    O futebol é contagiante, forte e preponderante. Por aqui, esses atributos são indiscutíveis. É a paixão esportiva nacional. Por isso, mesmo quando o assunto é Olimpíada, a competição que terá 28 esportes na Rio-2016, ele se destaca como uma atração especial, que exige um Maracanã.

    Acontece que, como na Copa, não adianta só armar o circo. É preciso de bons artistas e de preparo adequado para chegar na decisão, no grande dia. Ganhar o título, no caso a medalha de ouro, é outra história. Um fracasso seria pior do que o Maracanazo-50? Ou a vitória seria a volta por cima naquela trombada e no vergonhoso 7 a 1 do ano passado?

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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