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    Edgard Alves

    Segurança olímpica de orelhas em pé

    30/06/2015 02h00

    Ataques terroristas como os ocorridos na Tunísia, na França e no Kuait, na última sexta-feira (26), deixam as forças de segurança de qualquer país de orelhas em pé. Imagine então as da sede de uma Olimpíada, programada para agosto do ano que vem.

    Os planos antiterror, montados pelo Brasil para os Jogos do Rio de Janeiro, certamente contemplam avaliações minuciosas sobre casos que venham a ocorrer nesta etapa pré-evento. Trata-se de trabalho do setor de inteligência para antecipar informações e municiar os agentes no combate ao planejamento de possíveis atentados.

    Os principais serviços de segurança do planeta colaboram nessas operações. É um comportamento padrão, adotado nos grandes eventos internacionais. Participam da Olimpíada representantes de 205 países, cerca de 10.500 deles só de atletas.

    Os Jogos Europeus, encerrados domingo (28), em Baku, no Azerbaijão, transcorreram sem incidentes. Um alívio para o COI (Comitê Olímpico Internacional), ainda mais depois que os ataques da sexta ocorreram em localidades de três continentes. Foi a primeira edição dos Jogos, uma espécie de Pan-Americanos, como os programados para Toronto, no Canadá, a partir do próximo dia 10.

    Na cerimônia de abertura, Thomas Bach, presidente do COI, exaltou o "poder do esporte" em transcender as diferenças políticas e culturais. Chegou a citar como exemplos a participação de atletas russos ao lado de ucranianos, de armênios ao lado de azerbaijanos, de sérvios ao lado de kosovares.

    O comitê olímpico de Kosovo só foi admitido em definitivo pelo COI em dezembro último, após proposta apresentada cinco anos antes. Em 2008, Kosovo declarou independência da Sérvia e é reconhecido por pouco mais da metade dos membros da ONU.

    Depois do massacre que manchou a história olímpica, em Munique-1972, o terrorismo passou a ser um desafio para a organização dos Jogos e para o COI. Naquela oportunidade, palestinos invadiram a vila dos atletas e mataram representantes de Israel.

    Ano passado, horas antes da abertura da Copa, quando almoçava com 12 chefes de Estado em um hotel em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff recebeu um alerta do primeiro-ministro da Croácia, Zoran Milanovic. Ele a comunicou de que o serviço secreto do seu país fora informado da possibilidade de um atentado terrorista durante o jogo daquela tarde, no estádio do Corinthians, entre Brasil e Croácia.

    Agentes brasileiros e de serviços de inteligência aliados foram acionados, cadastros de estrangeiros checados, mas nada foi confirmado. Felizmente. Transcorreu tudo na normalidade e o Brasil ganhou o jogo por 3 a 1.

    Esses dados, mantidos em sigilo até meados deste junho, acabaram revelados pelo jornalista Rubens Valente nesta Folha. Consultada, a Embaixada da Croácia no Brasil respondeu que não confirmava a história, mas não deu sua própria versão do ocorrido. O Ministério da Justiça, responsável pela coordenação de segurança dos grandes eventos, informou que não comentaria o assunto.

    O terror ronda e causa apreensão nos grandes eventos. Entretanto, as precauções contra o terrorismo são apenas uma das atividades de segurança dos Jogos.

    Grande número de policiais deverá vigiar a cidade durante o desenrolar do evento. Mas com foco em ações bem diversificadas, como combates a criminalidade local e a possíveis manifestações sociais. Realidades bem diferentes da do terrorismo; a tensão, contudo, é ao menos semelhante. Segurança é coisa muito séria.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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