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    Edgard Alves

    O adversário é o mosquito

    16/02/2016 02h00

    O Rio de Janeiro abriga três competições esportivas internacionais –de tênis, saltos ornamentais e taekwondo– nesta semana. É uma oportunidade ímpar para mostrar suas capacidades e que se prepara adequadamente para receber os Jogos Olímpicos, em agosto.

    A repercussão e o trauma instalados pelos riscos do vírus da zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, desviaram os olhos do mundo para o Rio nas últimas semanas. O mesmo mosquito é considerado vetor de outras doenças como dengue, febre amarela e chikungunya.

    A Olimpíada desencadeou temores, pois deverá atrair ao Brasil grande número de estrangeiros. Daí a oportunidade de mostrar, no momento, que o país tem controle da situação e condições de propiciar segurança aos seus habitantes e aos visitantes.

    Na verdade, como apregoam governantes, a zika não é um tema olímpico, mas uma questão de saúde pública. Aliás, setor que não recebeu a atenção devida e imprescindível nos últimos tempos, se é que a teve em algum momento desde a chegada dos primeiros portugueses à Bahia.

    O Aberto de tênis do Rio, que começou nesta segunda-feira (15), nada tem a ver com a Olimpíada, mas reúne três dos 10 mais bem colocados jogadores do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) e outros oito que estão no top 30.

    Os organizadores não perderam tempo. Todos os participantes foram orientados sobre como evitar riscos de contrair o vírus. A competição acontece no Jockey Club, na Gávea, zona sul da cidade, com muita vegetação e próximo à lagoa Rodrigo de Freitas.

    Os hotéis de hospedagem dos participantes, segundo o diário esportivo Lance!, possuem janelas que não abrem e ar condicionado forte. Os tenistas receberam repelentes e instrução para aplicar o produto de forma constante. Medidas que merecem aplausos, mas que deveriam ser estendidas aos habitantes da cidade, em especial àqueles que moram nas regiões mais carentes e com maior presença do mosquito.

    As outras duas competições previstas são eventos-teste, que servem para avaliar os locais das disputas desses esportes na Olimpíada. O do taekwondo inicia o torneio no sábado (20), na Arena Carioca 1, com a participação de atletas de 17 países, além do Brasil.

    O torneio de saltos ornamentais vale também como etapa da Copa do Mundo da modalidade e está programado para o Maria Lenk, parque aquático ainda incompleto, que precisa reforçar sua rede de energia elétrica para os Jogos.

    As competições começam na sexta (19) e seguem até a quarta-feira seguinte. São esperados 236 atletas de 47 países para a disputa das 88 vagas restantes para os Jogos Olímpicos, em provas individuais e de duplas sincronizadas.

    O governo federal começou a se mexer, desencadeando megacampanha de combate ao mosquito Aedes aegypti, inclusive com a convocação de militares. Mas é pouco.

    Com a repercussão olímpica, por enquanto resta a sensação de que as medidas visam evitar mais arranhões na imagem internacional do país, já afetada por problemas sociais, políticos e econômicos. Menos ruim se levarmos em conta que tal empenho possa funcionar e permanecer para sempre como real legado da Olimpíada. Sonho?

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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