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    Edgard Alves

    Saga sem fim

    23/02/2016 02h00

    Presidente do Comitê Rio-2016 –responsável pela organização da Olimpíada e da Paraolimpíada– e do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman deve terminar o ano com mais um destacado cargo sob seu comando: a direção da Odepa, a Organização Desportiva Pan-Americana, da qual atualmente é segundo presidente.

    Se tal acúmulo se confirmar, certamente vai inflar o currículo do cartola. Em contrapartida, o amontoamento de cargos dificilmente trará benefícios para o esporte nacional.

    O Comitê Rio-2016 segue até 2017 com a missão de fechar a prestação de contas da Olimpíada, e o COB realiza eleições para nova gestão presidencial após os Jogos. Nesta entidade, Nuzman está em seu quinto mandato e pode tentar mais uma reeleição.

    Quando assumi este espaço pela primeira vez, em fevereiro de 2012, o título do texto de estreia foi "Dupla função". Era uma crítica ao fato de Nuzman, então já ocupando a presidência do Comitê Rio-2016, de enormes responsabilidades e manejo de verbas públicas e privadas, concorrer novamente ao posto no COB.

    Um dos pontos daquela crítica destacava o fato de que tempos antes, quando ainda era um mero aspirante ao comando no COB, Nuzman pregava a rotatividade no esporte, embora ele próprio tenha ocupado a presidência da Confederação Brasileira de Vôlei por duas décadas.

    De todo modo, por enquanto, as chances de Nuzman concorrer no pleito da Odepa não passam de especulações. Há outros pretendentes, mas a posição do brasileiro se destaca, especialmente por ele liderar os preparativos para os Jogos Olímpicos. Lógico que essa vitrine não pode sofrer arranhões.

    Nuzman, que em março completará 74 anos, não nega a intenção de se candidatar. No site Inside The Games, por exemplo, o favoritismo do brasileiro é notícia, embora a eleição, que deve ocorrer depois da Olimpíada do Rio, ainda não esteja agendada.

    O uruguaio Julio Maglione, 80, ocupa interinamente a presidência da Odepa, acumulando o cargo com o de presidente da Federação Internacional de Natação.

    No início de fevereiro do ano passado, ele assumiu o posto com a morte do mexicano Mário Vázquez Raña, que dirigiu a entidade por 40 anos.

    A Odepa, criada em 1948 e com sede no México, reúne cerca de quatro dezenas de comitês olímpicos nacionais das Américas e do Caribe.

    Na semana passada, Nuzman foi o foco de dois relevantes contratos envolvendo os Jogos do Rio, revelados pela jornalista Gabriela Moreira, da ESPN Brasil.

    Num deles, o dirigente e sua família têm segurança privada paga pelo Comitê Rio-2016 –cerca de R$ 492 mil apenas em 2015. O outro aponta contrato do comitê com o escritório do advogado Sérgio Mazzillo, amigo próximo de Nuzman, no valor de R$ 18,8 milhões.

    Questionado pelo canal sobre esses contratos e a possibilidade de conflito de interesses, o Comitê Olímpico Internacional não viu irregularidade. A grande verdade é que cargos tão expressivos também estão sujeitos a controle e exigem investigações de todo tipo por órgãos competentes. Certo?

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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