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    Edgard Alves

    Encruzilhada olímpica

    15/03/2016 02h00

    Em momento tão conturbado do esporte mundial, por causa dos escândalos de doping, o Brasil enfrenta uma situação delicada.

    Termina nesta sexta-feira (18) o prazo dado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) para o país adaptar a legislação nacional à regras daquele órgão internacional.

    A criação de um tribunal centralizado, responsável pelos casos de dopagem, e a jurisdição exclusiva da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), como única autoridade de teste no Brasil, são exigências da Wada.

    Sem essa definição, a ABCD corre o risco de ser descredenciada pela Wada. Caso isso ocorra, o primeiro impacto acontecerá na Olimpíada e na Paraolimpíada, pois o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), no Rio, ficará impossibilitado de fazer os testes antidoping, que precisarão ser processados por laboratórios do exterior.

    Será um vexame para o país organizador dos Jogos se tal fato vier a ocorrer. Uma sede olímpica, que deve reunir atletas de 206 comitês nacionais, precisa servir de exemplo na luta antidoping.

    O LBCD está pronto, em operação e capacitando pessoal, mesmo sabendo que contará com reforço do exterior durante aqueles eventos.

    O governo federal bancou R$ 188 milhões para a construção das novas instalações e a compra de equipamentos daquele centro de exames, que pertence ao Instituto de Química da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

    A ABCD trabalha a todo vapor, com o respaldo de praticamente todas as confederações nacionais de esportes e do Ministério do Esporte. O futebol ainda discute a questão. Enquanto isso, o LBCD já atua em parceria com as principais federações esportivas internacionais na realização de testes.

    O temor de ser flagrado num teste antidoping virou preocupação rotineira nos esportes. O sistema de controle obedece a um programa permanente dentro e fora de competições, nesta última hipótese com exames de surpresa em locais de treinamento e até na residência de atletas.

    Recentemente, caíram na malha antidoping, entre outros, a tenista russa Maria Sharapova e a principal velocista brasileira na atualidade, Ana Cláudia Lemos.

    Além disso, todo o time russo de atletismo está afastado das competições internacionais por causa de envolvimento em vergonhoso esquema de dopagem, e pode ficar fora da Olimpíada.

    A sofisticação avança a cada dia. O COI, por exemplo, anunciou que amostras de material colhidas de participantes nas duas últimas Olimpíadas, em Pequim-2008 e Londres-2012, serão submetidas a novos testes.

    Parte do sangue e da urina coletados naquelas oportunidades foi armazenada e volta a ser testada por novas tecnologias, agora mais sofisticadas.

    A proposta é tornar o esporte o mais limpo possível, impedindo chances de trapaças. Portanto, surpresas poderão ocorrer ainda nesta fase pré-Jogos.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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