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    Edgard Alves

    Segurança ganha foco e supera outras preocupações na Olimpíada

    19/07/2016 02h00

    Fatos ocorridos nos últimos dias despertaram um olhar mais especial sobre a Olimpíada do Rio de Janeiro. Direcionaram o foco para as questões da segurança, deixando um pouco de lado a preocupação com a organização em si do evento e do seu canteiro de obras e com os atletas, os protagonistas.

    Questionamento sobre se a segurança vai funcionar passou a martelar na cabeça de muitos brasileiros. No Rio, certamente há ainda outra interrogação: a logística da organização e as medidas de segurança tumultuarão em demasia o cotidiano da cidade?

    Planos de segurança, como os dos Jogos Olímpicos, que contam com a colaboração de especialistas de mais de uma centena de países, são complexos e sugerem quase 100% de garantia de sucesso.

    O advérbio quase aponta uma imperfeição, mas cabe no caso por causa do imponderável. Um lobo solitário, por exemplo, sujeito com algum tipo de motivação e disposto a promover ato terrorista por conta própria, é sempre um risco, com remotas possibilidades de entrar no radar da prevenção.

    Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio 2016, responsável pela organização da Olimpíada, declarou estar confiante nos esforços para que a segurança dê certo, destacando que vai torcer nesse sentido porque o que acontece no mundo hoje ninguém controla.

    O atentado da última quinta (14), na cidade francesa de Nice, quando um caminhão avançou sobre a multidão, matando mais de 80 pessoas, foi tão marcante que levou o governo brasileiro a anunciar revisão dos procedimentos de segurança e inteligência para a Olimpíada.

    Sempre que a pressão sobe nessa área, há uma tendência de maior rigidez na fiscalização em aeroportos e vias de acesso ao país, de aumento de postos de controle na sede do evento e de uma reavaliação no planejamento na busca de possíveis falhas.

    Por causa disso, e da aproximação da abertura dos Jogos em 5 de agosto, cresce o número de testes de segurança. As Forças Armadas acabam de simular um ataque terrorista na estação de trem de Deodoro, um dos centros das competições olímpicas. Depois foram testados os planos da abertura e do encerramento da Olimpíada, no Maracanã, com detalhes de como será a chegada e a saída dos atletas e dos dirigentes do estádio.

    Operações desse tipo mexem com o trânsito e o transporte da região, e podem irritar habitantes do local, como ocorreu no Rio. Faltou apenas a informação básica, de orientação antecipada dos moradores, que ajuda a organizar, sem comprometer a segurança. Até as novas regras da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), com a inspeção mais rigorosa dos passageiros de voos domésticos, e que provocou enormes filas nos principais aeroportos do país nesta segunda (18), gerando reclamações, parecem relacionadas ao fantasma da segurança olímpica.

    Não, elas são apenas uma coincidência, embora seja rotina nos aeroportos pelo mundo o aumento dos cuidados em relação aos voos para o país sede da Olimpíada.

    Além de gastos exorbitantes, proteger representantes de mais de 200 países numa confraternização internacional, alicerçada sobre duelos esportivos, é tarefa árdua da Olimpíada. O quesito segurança, mesmo na paz, gera um estado psicológico de preocupação.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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