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    Edgard Alves

    Após apogeu e queda, Cuba vivencia nova experiência em Olimpíada

    06/08/2016 02h00

    Markus Schreiber/Associated Press
    Delegação de Cuba durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
    Delegação de Cuba durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos

    A pequena ilha de Cuba se transformou em destaque internacional no mundo dos esportes na década de 70, mas nos últimos tempos recuou, pressionada por dificuldades econômicas. Agora inicia uma nova etapa na Olimpíada do Rio.

    Essa possibilidade é fruto da reviravolta nas relações com os Estados Unidos, de Barak Obama, que resultou em dezembro de 2014 nos primeiros passos do caminho para o fim do embargo econômico, comercial e financeiro à ilha, impasse imposto pelos norte-americanos nas últimas cinco décadas.

    Obama disse que vai normalizar as relações entre os dois países, alterando uma política que falhou por décadas. O líder cubano Raul Castro chegou a dizer que o bloqueio provoca enormes prejuízos humanos e econômicos a Cuba. Portanto, a simples redução das medidas restritivas é um bom sinal.

    Nesse clima de embates, a revolução, que colocou Fidel Castro no poder em 1959, transformou a estrutura política, social e econômica de Cuba. Alguns anos depois passou a dispensar atenção especial à área de esportes, baniu o profissionalismo e adotou o lema "El Deporte Derecho del Pueblo".

    Yuri Cortez/AFP
    O boxeador cubano Roniel Iglesias durante treino para a Rio-16
    O boxeador cubano Roniel Iglesias durante treino para a Rio-16

    Ao mesmo tempo começou a escalada de vitórias. O sucesso foi tamanho que não havia disputa esportiva internacional na qual a delegação cubana não aparecesse como protagonista.

    No mesmo período, Cuba era uma das cartas no baralho da Guerra Fria, confronto dos Estados Unidos e de seus aliados com o bloco liderado pela então União Soviética, que dava amplo respaldo aos cubanos.

    Nesse jogo, Cuba acabou envolvida pela dependência de subsídios dos aliados, especialmente dos soviéticos e depois dos venezuelanos. A URSS desmoronou em 1990 e a Venezuela há tempos enfrenta uma terrível crise, agravada a cada ano.

    A nova realidade dos parceiros atingiu Cuba, que teve de reduzir fortemente os investimentos em geral e abalou o esporte de alto nível, que passou a sofrer também com a fuga de atletas nas viagens ao exterior.

    Nos últimos anos, os reflexos são notórios até mesmo na redução do número de integrantes das delegações olímpicas e nos pódios conquistados pelos atletas do país. Na última Olimpíada, em Londres-12, encerrou a competição com apenas 14 (5 de ouro) medalhas. A campanha mais expressiva aconteceu em Barcelona-92, com 31 medalhas (14 de ouro).

    Conforme já foi mostrado neste espaço, em 2012, a delegação cubana levou para Londres o menor contingente de atletas (111) desde os Jogos de 1964, o primeiro ciclo pós-revolução, quando 27 representantes estiveram em Tóquio. No Brasil a delegação conta com 122 atletas, 87 homens e 25 mulheres.

    Ainda é prematuro falar sobre um novo salto nos esportes. Porém, como sempre mostraram muita resistência e determinação, os cubanos talvez estejam prontos para decolar novamente.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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