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    Edgard Alves

    Com primeira semana superada, Olimpíada parte para a arrancada final

    12/08/2016 02h54

    O Rio de Janeiro passou no teste de organização e de infraestrutura da Olimpíada na primeira semana. Não se sabe com que nota, mas foi aprovado, tanto que as competições prosseguem sem transtornos.

    Persistem problemas pontuais, principalmente de serviços e de informações, mas parecem pouco diante da grandiosidade e complexidade do evento. Falta agora a arrancada final.

    Tudo indica que, ultrapassada essa etapa precursora do evento, que propiciou alguma experiência a mais aos organizadores –o COI e o Comitê Rio 2016–, as possibilidades de contratempos na segunda passam a ser menores.

    É o que se espera. O risco do imponderável, no entanto, continua sempre presente em eventos desse porte.

    As dúvidas parecem mesmo caminhar para a etapa do pós-Jogos, Olímpicos e, a seguir, Paraolímpicos. Como será gerenciada e mantida toda a estrutura montada em função das duas competições?

    O correto seria a ocupação imediata das instalações ao término dos Jogos, avaliou pouco tempo atrás, em declaração à Folha e aqui citada, o sociólogo Richard Sennett, 72, da comissão de reurbanização de Atenas e da organização dos Jogos de Londres. Ele exemplificou com a demora de Atenas, cujas instalações começaram a se deteriorar.

    A Copa do Mundo de futebol mostrou ao Brasil os desdobramentos para um país que arca com a organização de grande evento internacional de esporte. A competição foi divertida, com vitórias e derrotas (menos os 7 a 1). Quando acabou a festa, despontaram os gastos e a ociosidade dos estádios.

    Valeu a pena? Essa mesma dúvida também está relacionada aos Jogos Olímpicos. O legado é outro questionamento para avaliar se os gastos foram compensadores para o país.

    As instalações são um legado material. Quem vai bancar as contas para manutenção das praças esportivas? As arenas vão de fato abrigar eventos esportivos com regularidade?

    Uma resposta fácil para políticos, mas de realização sempre incerta. As crises econômica e social nas quais o país está mergulhado mostram bem o tamanho dos obstáculos. Apesar disso, o governo federal deve bancar grande parte das despesas.

    O governo estadual do Rio, por sua vez, tem encontrado dificuldades até para cobrir a folha de pagamento do funcionalismo público. Em contrapartida, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, disse que quatro empresas manifestaram interesse na Parceira Público Privada de operação e manutenção das instalações.

    Há também interrogações sobre outro legado, o cultural. O que os Jogos trouxeram para o Brasil sob o ponto de vista esportivo? Algo mais educativo, mais social, nada a ver com os resultados da delegação nacional nestes Jogos. Como fica a implantação de uma política de esporte para a população carente?

    Todas essas questões aguardam manifestações convincentes da cartolagem e dos políticos. Será que elas acontecerão?

    Chamada - Rio 2016

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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