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    Edgard Alves

    Assim como os Jogos Olímpicos, Paraolimpíada teve saldo positivo

    20/09/2016 02h00

    O saldo da Olimpíada e da Paraolimpíada do Rio foi positivo tanto no aspecto esportivo como no da organização. A lamentar, o acidente que custou a vida do iraniano Bahman Golbarnezhad em prova do ciclismo da Paraolimpíada. Como evitar uma queda fatal?

    Os eventos apenas não chegaram a um consenso na questão mais polêmica e controvertida do esporte nos últimos tempos, a do combate ao doping.

    Tanto assim que as normas que balizaram as duas competições poliesportivas seguiram orientações diferentes quanto à participação da Rússia.

    Enquanto o Comitê Olímpico Internacional deixou por conta de cada federação de esporte liberar ou não atletas russos "limpos de doping na carreira" para atuar na Olimpíada, o Comitê Paraolímpico Internacional vetou a participação de qualquer representante daquele país no seu evento.

    Embora distante de uma posição ideal, a decisão do COI pareceu menos ruim. Delegou às federações de cada esporte a possibilidade da aplicação ou não da medida. Em outras palavras, inocentes continuaram sujeitos à punição por terem a mesma nacionalidade de trapaceiros.

    Outra mostra de que as medidas de combate ao doping não estão equilibradas adequadamente foi o pedido feito por Thomas Bach, presidente do COI, durante congresso da entidade na véspera dos Jogos do Rio, clamando por uma revisão total do sistema antidoping.

    Bach destacou a necessidade da criação de um modelo consistente, com responsabilidades claras, mais transparência, mais independência e uma maior harmonia na luta contra o uso de doping no esporte.

    No calor dessa polêmica, a Wada (Agência Mundial Antidoping) foi alvo de hackers, que invadiram seu banco de dados e expuseram ao público relatórios sobre atletas.

    Os vazamentos revelaram informações médicas confidenciais e explosiva autorização para uso terapêutico de remédios por atletas no Rio.

    A ginasta Simone Biles, dos EUA, ganhadora de cinco medalhas, segundo o vazamento, teria tido teste positivo na competição. Não foi suspensa por estar incluída no programa da Wada de Isenções de Uso Terapêutico. Há anos, ela se submete a tratamento que exige medicamento proibido no esporte.

    Um dos vazamentos apontou dados de 25 atletas de oito países. O episódio deixou no ar a hipótese de represália às punições sofridas pela Rússia, após o escândalo de doping naquele país. O Estado russo foi acusado de promover um sistema de doping generalizado, com a ajuda do seu serviço secreto.

    Por isso, as invasões aos computadores deram fôlego à Rússia para polemizar, acusando a Wada de adotar dois pesos e duas medidas na elegibilidade de atletas para os Jogos.

    O presidente russo, Vladimir Putin, criticou a permissão do consumo de drogas proibidas no esporte para fins terapêuticos, no Rio, por atletas dos EUA. A Wada, por sua vez, pediu a ajuda da Rússia, que se manifestou contra crimes cibernéticos, para acabar com a ação dos hackers.

    Um emaranhado de posturas que dificulta a solução do problema. Mais ou menos como a história do cachorro que gira, gira e rosna, mas não consegue morder o próprio rabo.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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