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    Edgard Alves

    Esportes ensaiam ajustes na luta contra o doping

    11/10/2016 02h00

    O mundo dos esportes aperta o passo na busca por instrumentos mais eficazes no controle antidoping. Nesse sentido, o COI (Comitê Olímpico Internacional) acaba de encaminhar proposta à Wada (Agência Mundial Antidoping).

    Líderes de entidades esportivas internacionais apoiam a liderança daquela agência para um sistema antidoping "mais robusto, mais eficiente, mais transparente e mais harmonizado".

    O COI, que reúne entidades poliesportivas de 206 países, também reforçou planos para que a Corte Arbitral do Esporte (CAS) assuma a condição de única instância para a aplicação de sanções em violações por doping. Atualmente, ela é acionada apenas em recursos.

    Caso a CAS abrace o projeto, as federações internacionais de cada esporte perderão poder e influência na área. A expectativa é a de que o setor ganhe uma política mais padronizada e mais independente para o controle das várias modalidades, com todos rezando pela mesma cartilha.

    A princípio parece justo. Mas como e quem bancará tal estrutura de controle? As federações e o COI poderão disponibilizar fundos? Uma coisa o COI deixa claro: haverá separação de funções entre a autoridade e a Wada.

    Garantir isenção ampla e irrestrita em decisões sobre doping é assunto delicado, especialmente num ambiente conturbado pelas contradições políticas, culturais, sociais e econômicas vigentes dentro e fora do mundo dos esportes.

    A proposta, entre outras situações, foi alavancada pela polêmica da Olimpíada do Rio, quando o COI deixou para as federações internacionais a decisão sobre a participação ou não no evento de qualquer atleta da Rússia. O atletismo, por exemplo, optou pelo veto, diferentemente de outros esportes.

    Naquela oportunidade, o doping acabou tendo dois pesos e duas medidas. A Rússia, fonte do impasse, estava envolvida em escândalos, com denúncias da existência de um esquema estatal e da participação de dirigentes esportivos daquele país na prática e no encobrimento de doping.

    Flagrantes de doping e de corrupção costumam deixar os esportes acuados, sujeitos à desmoralização. Ações de combate a esses golpes têm bombardeado a existência de vários deles, mas sem impedir a proliferação de novos episódios. Difícil é apagar as marcas que ficam, principalmente da desconfiança.

    O futebol, certamente a modalidade com maior expansão mundial, não foge à regra e luta contra o doping, embora também sujeito a equívocos, como o ocorrido em abril com Alecsandro, do Palmeiras. O atacante conseguiu provar sua inocência –havia sofrido contaminação em procedimento capilar– após receber suspensão de dois anos por doping.

    A modalidade tem outras agruras, além do doping, para se preocupar no momento. Parece dispensar mais atenção com a corrupção, que recentemente levou ao afastamento do até pouco tempo atrás intocável presidente da Fifa, Joseph Blatter, e do seu presunçoso secretário, Jérôme Valcke. Também colocou na cadeia o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

    Um entrosamento cada vez maior entre COI e Wada deve resultar em benefícios para o controle antidoping, tornando as disputas mais limpas. Disso não resta nenhuma dúvida. Entretanto, trapaceiros estão permanentemente de plantão.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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