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    Edgard Alves

    Disparada dos custos assusta organização de Tóquio-2020

    27/12/2016 02h00

    Yves Herman/Reuters
    2016 Rio Olympics - Closing ceremony - Maracana - Rio de Janeiro, Brazil - 21/08/2016. Performers take part in the closing ceremony. The 2020 Olympics will be held in Tokyo, Japan. REUTERS/Yves Herman FOR EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS. ORG XMIT: OLYDN137
    Apresentação de Tóquio na cerimônia de encerramento dos Jogos do Rio

    Enquanto o Rio de Janeiro continua apertado para cobrir dívidas geradas pela Olimpíada e Paraolimpíada, Tóquio chega ao final de 2016 temendo a escalada dos gastos com os preparativos dos Jogos de 2020. Isso faltando ainda cerca de três anos e meio para o evento.

    O plano original de promover todas as competições num raio de 8 km de Tóquio cai no esquecimento quando um novo projeto desponta como mais econômico do que o anterior. Reduzir custos é o principal foco no momento.

    Especialistas haviam projetado a possibilidade de que os custos da Olimpíada poderiam chegar a 3 trilhões de ienes, caso o plano inicial não fosse alterado. Recentemente, após reformulações no projeto original, o comitê organizador dos Jogos estimou que serão gastos entre 1,6 e 1,8 trilhão de ienes, ou seja, mais de R$ 50 bilhões. A Rio-2016 ainda calcula os seus gastos, que estavam estimados em cerca de R$ 40 bilhões.

    O palco dos torneios de vôlei, por exemplo, modalidade de proa do esporte brasileiro, esteve perto de ser deslocado da região de Tóquio para economizar dinheiro. Mas os japoneses descartaram a hipótese de recorrer ao ginásio poliesportivo de Yokohama. Voltaram atrás, mantendo o plano original de construção de um novo ginásio para o vôlei, embora um pouco menor, na capital.

    Na Olimpíada do Rio participaram aproximadamente 10.700 atletas de 205 nações e duas delegações especiais (Atletas Olímpicos Independentes e Atletas Olímpicos Refugiados). Ao todo foram 42 modalidades esportivas, com a inclusão do golfe e do rúgbi de sete. Em Tóquio haverá mais cinco esportes (beisebol/softbol, surfe, skate, caratê e escalada). Essa novidade deve aumentar o número de participantes.

    Promover uma Olimpíada gera custos astronômicos, que levam cidades interessadas a desistirem antes mesmo do início da corrida das candidaturas, como aconteceu recentemente com Roma, Hamburgo e outras.

    Algumas cidades, no entanto, ainda acham que vale a pena correr os riscos. Los Angeles, Paris e Budapeste disputam em 2017 o direito de organizar os Jogos de 2024. Além disso, as duas próximas Olimpíadas de Inverno estão com suas sedes definidas: Pyeongchang, na Coreia do Sul, em 2018, e Pequim, China, em 2022.

    O susto dos japoneses, que conquistaram em 2013 o direito de promover o evento de 2020, serviu para frear o excesso de otimismo. Mesmo assim, como sempre ocorre com os responsáveis pelos Jogos –o comitê organizador local e o Comitê Olímpico Internacional– a palavra de ordem continua sendo a de sempre, a de que será a melhor Olimpíada da história.

    O GOVERNO BANCA

    A prefeitura do Rio transferiu a gestão das arenas esportivas do Parque Olímpico da Barra, na zona oeste da cidade, para o governo federal.

    Pelo acordo de cessão, o Ministério do Esporte passa a ser responsável pelas Arenas Cariocas 1 e 2, pelo Centro Olímpico de Tênis e pelo Velódromo. A pasta também vai custear a desmontagem do Estádio Aquático.

    Os custos assumidos pelo ME não foram anunciados. Nem mesmo a crise econômica e social que assola o país impediu o acordo, que merece uma atenção especial.

    O objetivo inicial era que o Parque Olímpico fosse administrado por meio de uma parceria público-privada (PPP), mas o projeto não foi para frente. Por que o governo federal assume tal encargo sem uma discussão prévia, pública, mais esclarecedora? Afinal, vai mexer no bolso do contribuinte.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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