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    Edgard Alves

    Política anti-imigração de Trump é barreira para Olimpíada nos EUA

    31/01/2017 02h00

    David J. Phillip/Associated Press
    Mo Farah atacou medida de Donald Trump
    Mo Farah atacou medida de Donald Trump

    O governo do presidente Donald Trump engatou uma marcha à ré na candidatura de Los Angeles para abrigar os Jogos Olímpicos de 2024.

    O ato anti-imigração, assinado por Trump, que impede a entrada nos Estados Unidos de refugiados e cidadãos de sete nações muçulmanas e que provoca clima de insegurança a estrangeiros residentes no país, é golpe com força suficiente para abalar as pretensões olímpicas daquela cidade da Califórnia.

    Como referendar uma candidatura cujo governo nacional adota política discriminatória contra estrangeiros?

    A decisão sobre qual cidade terá o direito de promover aqueles Jogos será tomada em setembro, no Peru, durante encontro do Comitê Olímpico Internacional. Além de Los Angeles, concorrem Paris e Budapeste. Nesta sexta (3), as postulantes apresentam o projeto definitivo da candidatura, em reunião do COI, na Suíça.

    A política imigratória do governo Trump, contestada dentro e fora das fronteiras dos EUA, atinge diretamente cidadãos da Síria, Sudão, Somália, Iêmen, Iraque, Irã e Líbia, países com maioria muçulmana. Mas refugiados de todo o mundo também estão temporariamente proibidos de viajar aos EUA.

    O COI exige que a candidata tenha respaldo da prefeitura, do governo nacional e do comitê olímpico do país. Boston ensaiou entrar na corrida para receber a Olimpíada, mas acabou desistindo da ideia. Assim, Los Angeles, sede dos Jogos em 1932 e 1984, acabou como a candidata do país, que também abrigou o evento em 1996, em Atlanta.

    Quanto aos Jogos de 2024, Paris fica em posição privilegiada diante de Los Angeles, enquanto Budapeste, a capital da Hungria, não apresentou nenhum apelo com potencial para desequilibrar a disputa.

    A capital francesa está empenhada no projeto de promover o evento olímpico, que reúne representantes de mais de 200 comitês olímpicos nacionais.

    A exemplo de Los Angeles, Paris organizou a Olimpíada em duas oportunidades –em 1900 e 1924. Outros tempos, realidades bem diferentes, sem o gigantismo atual do evento, com gastos exorbitantes e estruturas de porte, que após os Jogos correm sempre o risco do abandono, do pouco uso e, sem utilidade, de se transformarem em elefantes brancos.

    Mas os dirigentes franceses adiantaram que a proposta de Paris está dentro do conceito da agenda 2020, implantada pelo COI, que visa aproveitar construções já existentes, reduzindo custos para a organização. Coincidentemente, as novas regras passam a vigorar integralmente em 2024.

    No mundo dos esportes, o posicionamento do governo Trump na política imigratória é ameaça a outras iniciativas, entre elas a importação de atletas e a oportunidade que o país oferece para estágio e treinamento de estrangeiros, vários dos quais passam inclusive a residir nos EUA.

    É ainda mais grave em relação a uma possível candidatura tripla, com EUA, Canadá e México, aventada no ano passado, para concorrer à sede do Mundial de futebol de 2026, a primeira na história com 48 seleções.

    Quando essa possibilidade despontou, no final do ano passado, Obama era o presidente dos EUA. A hipótese se tornou inviável, considerando as canetadas de Trump e a intenção da construção de um muro na fronteira EUA-México para barrar imigrantes. É tenebrosa tal situação em pleno século 21.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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