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    Edgard Alves

    Desafio de Sharapova é superar estigma do doping

    02/01/2017 02h00

    Wang Zhao/AFP
    A tenista russa Maria Sharapova comemora após bater a romena Simona Halep no Aberto dos EUA, nesta terça
    Maria Sharapova comemora o título do torneio de Tianjin, na China

    A russa Maria Sharapova abriu a temporada de 2018 mostrando disposição para passar uma borracha no estigma de atleta que apela para o uso de substâncias proibidas no esporte. Mas não vai ser um caminho fácil.
    Ano passado, a tenista iniciou o ano no ostracismo, apenas treinando, pois estava suspensa por doping.

    Agora, em ascensão no ranking mundial –ocupa o posto 59–, ela iniciou janeiro com vitória no torneio de Shenzhen, na China. Superou a romena Mihaela Buzarnescu (56.a do mundo) por 2 sets a 0, em oitenta minutos. Existe o risco de queda na sequência das disputas, mas não deixa de ser uma estreia com ar de otimismo.

    A suspensão de Sharapova por doping deu o que falar. Ex-número 1 do mundo por 21 semanas e vencedora de cinco Grand Slams, ela reapareceu apenas em abril passado, depois de ter cumprido 15 meses de suspensão.

    O retorno às quadras dividiu as opiniões. Alguns patrocinadores deixaram de apoiá-la. Parte das concorrentes e de esportistas ligados ao tênis achavam que ela deveria ficar mais tempo suspensa. A inatividade durante o afastamento a fez despencar no ranking e dificultou a recuperação da forma.

    Sharapova foi flagrada pelo uso de Meldonium. Ocorre que aquela droga, segundo a atleta consumida como aspirina no Leste Europeu, entrou na lista de substâncias vetadas aos esportistas. Ela admitiu que usava o medicamento, mas que tinha faltado uma comunicação clara sobre a proibição, válida a partir de 1o. de janeiro de 2016. O teste positivo aconteceu logo depois. Daí a polêmica.

    Será que a russa voltará a ocupar posição de destaque no ranking? Estrelas do tênis participam do torneio chinês, no qual se destaca a romena Simona Halep, líder na classificação mundial. A temporada está apenas começando.

    Para Sharapova é um tempo diferente. Embora tenha superado a crise pessoal, ela enfrenta outra forte pressão no momento, além das rivais: a do escândalo de doping da Rússia, conturbado por crescentes denúncias nos últimos três anos. As investigações apontam a participação estatal na suposta patifaria, negada pelo governo russo.

    A última estocada foi aplicada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), vetando a inscrição da Rússia na Olimpíada de Inverno, mês que vem, em PyeongChang, na Coréia do Sul. Somente os atletas russos que provarem estar limpos poderão competir nos Jogos, mas sob uma bandeira neutra.

    Essa decisão, tomada pelo COI com base em manifestações de outras organizações esportivas internacionais, dá uma boa ideia do tamanho da pressão sobre qualquer atleta daquele país. Por causa disso, a luta de Sharapova não se resume apenas ao empenho dentro da quadra, mas também fora dela.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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