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    Edgard Alves

    COI deveria continuar incentivando refugiados na Olimpíada

    21/02/2017 02h00

    Foi acertada e teve grande repercussão a participação de uma inédita delegação de refugiados na Olimpíada do Rio. A iniciativa mostrou entrosamento entre o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

    Transcorridos cerca de seis meses dos Jogos, uma dúvida continua no ar: haverá ou não a repetição da experiência na próxima Olimpíada, em 2020, no Japão?

    A expectativa dos refugiados que atuaram no Rio é de um repeteco. Entretanto, não existe nenhuma orientação oficial nesse sentido..

    A equipe que esteve no Rio, como já era esperado, não ganhou nenhuma medalha, mas a simples presença da turma chamou a atenção para violações de direitos humanos relacionados aos refugiados, de religião a raça, de nacionalidade e opinião a associação com grupos sociais.

    Durante a sessão do COI na qual o time de refugiados foi apresentado, antes da abertura dos Jogos no Rio, o presidente da entidade, o alemão Thomas Bach, disse que a iniciativa era um sinal de esperança para todos os refugiados espalhados ao redor do mundo.

    Também do COI, o presidente honorário, o belga Jacques Rogge, destacou que o esporte não resolve os problemas do mundo, mas cria uma atmosfera de paz e respeito mútuo.

    O time contou com dez atletas, sendo dois nadadores sírios, dois judocas congoleses, um maratonista etíope e cinco corredores sul-sudaneses.

    Um texto na internet mostra o que os Jogos representaram para aqueles refugiados e o que eles planejam depois das lições e da experiência na Olimpíada.

    Na semana passada, em Monte Carlo, a equipe olímpica de refugiados –seis homens e quatro mulheres– foi homenageada durante o Prêmio Laureus. Recebeu o troféu especial para "Iniciativas Para Promover o Bem Através do Esporte".

    A premiação destaca a importância da equipe de refugiados. Outro sinal do relevo da iniciativa foi registrado na aprovação pelo COI, em novembro do ano passado, de uma verba de cerca de US$ 509 milhões para o Solidariedade Olímpica.

    O programa, que visa ajudar financeiramente os comitês olímpicos nacionais, para o desenvolvimento do esporte no ciclo até Tóquio-2020, veio com duas novidades. Uma de apoio a atletas refugiados e outra à transição de carreiras. Seria esse um indício da intenção de se manter a iniciativa adotada no Rio?

    Com a onda de refugiados e imigrantes crescendo a cada dia mundo afora, as polêmicas causadas por essa dramática situação continuarão na pauta, alimentando acalorados debates.

    Ao criar a equipe olímpica de refugiados, o COI entrou na discussão para valer. Não deve recuar. Precisa manter sua posição e mostrar que a iniciativa na Rio-2016 foi coisa séria, sem demagogia.

    edgard alves

    Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.

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