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    Eduardo Cucolo

    Tsunamis e marolas pós-Trump podem atrapalhar recuperação no Brasil

    11/11/2016 02h00

    Jeff Kowalsky/AFP
    US Republican presidential candidate Donald Trump exits his final rally of the GOP 2016 presidential campaign at Devos Place in Grand Rapids, Michigan on November 7, 2016.
    O republicano Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos, em seu último comício

    BRASÍLIA - A reação negativa dos mercados no dia seguinte à definição eleitoral nos EUA, exagerada ou não, alerta para um fato já conhecido: o período de calmaria na economia mundial que tem contribuído para amenizar a crise brasileira não vai durar para sempre.

    A eleição de Donald Trump fará com que ele termine mais rápido? A resposta é incerta. Na avaliação do governo federal, ainda há tempo para aproveitar o intervalo "benigno" iniciado no começo de 2016 para aprovar as reformas mais urgentes (PEC do teto de gastos e novas regras para Previdência) e tentar avançar nas concessões de infraestrutura.

    O BC dos EUA já trabalhava com um cronograma de alta de juros, o que significa que o período de dinheiro farto e barato no mercado externo tinha prazo para acabar. Mas esse processo vinha sendo administrado de forma a não causar tsunamis ou mesmo "marolinhas" que pudessem atrapalhar ainda mais os problemas por aqui.

    A incerteza em relação ao novo governo nos EUA, no entanto, já começa a fazer ondas. E incerteza é algo que já há de sobra no Brasil.

    Das reformas urgentes, apenas uma caminha no Congresso. Uma coisa é propor um limite de gastos. Outra é alterar a Previdência.

    O programa de concessões ainda é uma promessa, que passa por mudanças em leis e injeção de dinheiro público. Se o capital privado secar, fica ainda mais difícil vender algo.

    A recuperação do país depende ainda da continuidade da queda dos juros, algo que pode ficar comprometido diante da alta do dólar e da fuga de capitais para o exterior.

    Nesse período de calmaria, o Brasil foi beneficiado pela valorização do real, queda do risco país, entrada de capital externo e valorização das commodities. Isso não se traduziu em mais crescimento e emprego, mas ajudou a conter a recessão.

    Agora, o Brasil pode entrar em águas revoltas com o barco ainda furado. E com risco de perder o piloto.

    eduardo cucolo

    É secretário de Redação de Edição da Sucursal Brasília. Formado em jornalismo, escreve sobre economia e política desde 2000.

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