Devo ter ficado uns cinco minutos com o braço erguido, tentando ser enxergado pela equipe que entregava o material de divulgação do Porsche Panamera. Havia uma multidão ao redor do carro, principal atração do Salão de Xangai 2009. Saí do estande com a gravata torta, o ombro dolorido e nenhum folheto.
Apesar da balbúrdia que foi aquela apresentação, senti um pouco de inveja dos chineses. Eles tiveram o privilégio de ver um esportivo europeu totalmente novo sendo apresentado em seu quintal, coisa jamais vista no Salão de São Paulo.
Neste ano, a Porsche reservou para Xangai a atualização do mesmo modelo. E tem muito mais. A Honda, por exemplo, apresenta três novidades que deverão ser comercializadas em diversos países. Ford, Volkswagen, Audi, Mitsubishi e Kia Motors também mostram carros que ganharão as ruas do mundo, inclusive as brasileiras.
Enquanto isso, o Salão de São Paulo, maior evento do setor automotivo na América Latina, ainda é muito centrado no mercado local, com poucas novidades globais.
Em 2012, nosso melhor ano, o destaque foi a apresentação do Volkswagen Taigun, futuro utilitário compacto da marca. Houve também a versão sedã do Ford New Fiesta, que será produzido no México. Os outros lançamentos eram novidade para o mercado nacional, mas já haviam sido vistos em eventos americanos, europeus ou asiáticos.
Somos menos importantes que os chineses? Do ponto de vista da venda de carros, sim. Nosso mercado se aproxima de 4 milhões de unidades emplacadas por ano, enquanto eles devem beirar os 20 milhões de veículos vendidos em 2013.
Só no segmento de luxo, o mais rentável para as marcas, serão cerca de 2 milhões de carros comercializados até o fim do ano na China.
Mesmo que o Salão de São Paulo 2014 seja repleto de lançamentos relevantes, ainda estaremos distantes em importância da mostra de Xangai. Não dá para competir.
Carioca, é especializado no setor automotivo, que cobre desde 1999. Escreve aos domingos, mensalmente.