"Acontece sempre, já destruíram este portão de garagem várias vezes", conta o colega de trabalho enquanto mostra fotos de mais um acidente na esquina de sua casa, no bairro paulistano do Paraíso.
Nas imagens, um utilitário esportivo com seu corpanzil de R$ 100 mil retorcido aparece à frente. Logo atrás, ainda preso à entrada da garagem, um monovolume familiar.
Há um semáforo naquele cruzamento. O colega explica que as colisões ocorrem porque os motoristas que descem ou sobem pelas vias costumam acelerar para ultrapassar o sinal no amarelo.
Como estão em ruas transversais, têm a visão prejudicada. E, por diversas vezes, o que tenta avançar calcula mal o tempo e a distância e acaba colidindo com o outro, que partiu velozmente assim que a luz ficou verde.
Evitar acidentes desse tipo só depende de boa educação no trânsito. Se um reduzisse a velocidade e o outro simplesmente partisse com mais calma logo após o sinal abrir, a santa paz do dia seria mantida. Sem discussões, prejuízos ou mortes.
"Ah, mas não dá para marcar bobeira nos sinais de São Paulo!", dirão os defensores da pressa nas esquinas, com a justificativa da falta de segurança. A eles digo que excesso de velocidade e imprudência em vias públicas também não são atitudes seguras.
Mas vivemos tempos estranhos, em que motoristas de caminhão colocam vídeos na internet para mostrar a habilidade insana de fazer a traseira da carreta sambar na pista, invadindo a contramão e até o acostamento. Chamam isso de "quebradinha de asa".
Dirigir de modo prudente, respeitando regras básicas de trânsito e de convivência, está fora de moda. Atitudes ilegais, antes praticadas na clandestinidade, agora são alardeadas nas redes sociais.
Daí, nada mais normal do que achar razoável acelerar ao máximo para não parar por trinta segundos no sinal vermelho.
Carioca, é especializado no setor automotivo, que cobre desde 1999. Escreve aos domingos, mensalmente.