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    Eduardo Sodré

    A indústria assustada

    18/10/2015 02h00

    O ano chega ao quarto trimestre, mas a esperada retomada do setor automotivo não aconteceu. Setembro foi mais um mês de queda em vendas e produção, aproximando-se de um patamar perigoso.

    O número de empregados nas montadoras filiadas à Anfavea é equivalente ao que havia em 2008. Os que não estão afastados em férias coletivas, PPE (Programa de Proteção ao Emprego) ou licença trabalham no ritmo de 2006, quando o mercado era ainda menor.

    Na fria matemática empresarial, o descompasso entre capacidade produtiva e demanda gera desemprego. Há dois anos, 158,1 mil funcionários batiam cartão nas montadoras. Hoje, são 133,6 mil.

    Vale lembrar que a expectativa era de crescimento expressivo das vagas na indústria diante da chegada de novas fábricas. Hyundai, Nissan, Chery, Audi, Toyota e BMW estão entre as empresas que inauguraram linhas de produção brasileiras nos últimos três anos.

    Esse cenário faz do segmento automotivo o mais assustado com o momento atual do Brasil. Nenhum outro recebeu tantos incentivos governamentais nos últimos tempos, seja por meio de benefícios fiscais ou do estímulo à manufatura local. A moeda de troca era a manutenção dos empregos.

    Tantas benesses resultaram em protecionismo, que dificultou a vida dos importadores e reduziu a quase zero a competitividade global. Quando a demanda interna começou a descer a ladeira, não havia um desvio de rota viável.

    Felizmente, o segmento expandiu-se tanto entre 2003 e 2013 que ainda se mantém distante de um colapso. Se houver ao menos estabilidade no próximo ano, o caminho do crescimento será retomado.

    O que não se recupera é o atraso no desenvolvimento de produtos mais eficientes. O tempo perdido volta a criar um abismo entre os automóveis feitos atualmente no Brasil e seus similares em mercados europeus e nos EUA.

    eduardo sodré

    Carioca, é especializado no setor automotivo, que cobre desde 1999. Escreve aos domingos, mensalmente.

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