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    Eduardo Sodré

    Não dá mais para desistir

    11/06/2017 02h00

    Avener Prado/Folhapress
    SAO PAULO, SAO PAULO, BRASIL, 08-08-2016: Carros elétricos, BMW i3, fotografado na garagem da Folha. (Foto: Avener Prado/Folhapress, VEICULOS) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
    BMW i3, compacto elétrico de origem alemã

    A BMW se apressou em dizer que não será a retirada dos EUA do Acordo de Paris que fará a marca interromper seus investimentos em mobilidade limpa. Belas palavras, que não escondem o interesse comercial.

    A indústria automotiva está chegando a um ponto de evolução em que não dá mais para desistir: o caminho para os carros "emissão zero" está pronto, e não se joga bilhões de dólares no lixo não reciclável.

    Contudo, a chegada às ruas em volume depende dos incentivos fiscais previstos em acordos climáticos, seja a quem adquire ou vende um carro que não emite poluentes ou gás carbônico. Sem os descontos, não há urso polar morto no degelo que faça veículos elétricos serem comercializados aos montes.

    Basta ver o que ocorre na Dinamarca, um dos países vistos como referência em questões ambientais.

    O governo local reduziu as benesses tributárias aos carros "verdes" e viu os licenciamentos desses modelos caírem 60% no primeiro trimestre de 2017. O engajamento se esvai quando pesa no bolso.

    Quando Donald Trump anuncia que os EUA estão fora do acordo, ameaça as isenções de impostos. Sem essas vantagens, as fabricantes não conseguem fazer a máquina girar e, assim, amortizar os custos elevados do pioneirismo.

    Por exemplo: quanto custaria o mais prosaico dos carros 1.0 de hoje se tudo aquilo que o equipa fosse disponibilizado há 25 anos? Arrisco dizer que somente os sistemas de airbags e freios ABS obrigatórios atualmente, somados a um equipamento de som moderno, com navegador incorporado, já representariam mais que o preço de tabela atual.

    Para que sejam mais baratos, veículos limpos precisam de escala de produção. Se clientes fogem por causa do preço alto, o que fazer? Aqui ou na Dinamarca, o valor na tabela é sempre um dos pontos mais importantes ao se escolher um carro.

    Sem redução de impostos, automóveis limpos continuarão restritos a poucos endinheirados.

    Ao confirmar seus planos, a BMW mostra não querer ser a vilã do meio ambiente, e também que há muito dinheiro envolvido nessa história.

    eduardo sodré

    Carioca, é especializado no setor automotivo, que cobre desde 1999. Escreve aos domingos, mensalmente.

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