• Colunistas

    Sunday, 28-Apr-2024 14:17:36 -03
    Eduardo Sodré

    Indústria cria solução para fazer carros diferentes sobre a mesma base

    09/07/2017 02h00

    As montadoras preparam-se para um mundo com diferentes modelos de compartilhamento de veículos. Isso representará uma demanda menor por parte dos consumidores, mas também o aumento de vendas para frotas. A nova ordem deve se consolidar na próxima década.

    A mudança traz um problema à indústria: frotistas compram carros aos milhares e pechincham. A rentabilidade por unidade despenca: grosso modo, é mais interessante vender 800 carros para pessoas físicas do que mil a uma empresa.

    Para a conta fechar, as fabricantes trabalham em plataformas modulares, que permitem construir modelos de diferentes segmentos e tamanhos usando uma mesma base e, portanto, dividindo espaço na linha de montagem.

    A VW tem a MQB, sobre a qual nascem Golf e Passat, entre outros. Na PSA Peugeot Citroën, a EMP2 dará origem a 20 modelos até 2018.

    O cliente final não se liga nesses tecnicismos; interessa a ele que seu carro ande e ofereça bons custos de compra e de manutenção. A tendência é que esse compartilhamento ajude a reduzir custos de reparo.

    As plataformas modulares permitem também a construção de carros híbridos ou movidos a eletricidade na mesma linha em que são feitos os modelos a combustão. Isso permitirá a redução dos custos de veículos não poluentes, que tendem a ganhar escala. Muitas cidades que restringem a circulação de carros abrem suas ruas a modelos que não soltam fumaça.

    No Brasil, esse tipo de construção de automóveis ainda é restrito a poucos modelos, como o Golf e o Audi A3 produzidos em São José dos Pinhais (PR). A indústria nacional ainda engatinha nesse aspecto.

    Contudo, é preciso olhar adiante. O crescimento das exportações é limitado em parte pela falta de produtos que possam ir além das fronteiras da América Latina. As exceções são os carros de marcas premium produzidos por aqui, mas a maior parte das peças de modelos BMW, Mercedes e Land Rover vem da Europa.

    O avanço das plataformas modulares exige uma indústria mais preparada, com parque de fornecedores igualmente aptos. O setor, que se recupera lentamente da crise, tem muito o que fazer para se encaixar nessa nova realidade global.

    eduardo sodré

    Carioca, é especializado no setor automotivo, que cobre desde 1999. Escreve aos domingos, mensalmente.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024